Há realidades a preto e branco, poucas talvez, mas em que há uma fronteira com dois lados. Há realidades em tons de cinza, com matizes, subtilezas. Há os que são definidos pela positiva e os que são definidos pela negativa, ou por várias negativas. Para Thomas Friedman há um mundo que se torna mais plano, como resultado do fim da guerra fria, da tecnologia, de pessoas preparadas para a usar, de mudanças nas organizações que o permitem e promovem. Um mundo mais ligado em que a geografia conta menos. Que permite que este texto seja já acessível a milhões de pessoas; ou que uma fotografia seja partilhada em grupo, antes mesmo de ser vista pela pessoa que está ao lado. Que permite reorganizar processos através do globo, dando novas oportunidades a uns, tirando oportunidades a outros. Em que a mudança já aconteceu, ainda que nem todos a tenham ainda compreendido. Mas em que nem todos vivem. Mas em que muitos ficam do lado de fora.
"Não existe apenas o mundo plano e o mundo não-plano. Muitos vivem numa espécie de quinta dimensão situada entre ambos. Neste grupo incluem-se aqueles a quem identifico como os que não têm poder. São um vasto grupo de pessoas que não entraram completamente no mundo plano. Ao contrário dos que estão demasiado doentes, que ainda têm uma hipótese de entrar no mundo plano, os que não têm poder são aquelas que podemos dizer que estão num mundo "meio-plano". São pessoas saudáveis que vivem em países com zonas que já estão no mundo plano, mas que não dispõem das ferramentas, das competências ou das infra-estruturas necessárias para participarem, de forma significativa ou sustentada, no processo. Apenas dispõem de informação suficiente para saberem que o mundo em torno delas está a ficar plano e que elas não estão a recolher qualquer vantagem disso. Ser plano é positivo mas implica muita pressão. Não ser plano é terrível e implica muito sofrimento. Mas ser "meio plano" resulta numa situação muito especial de ansiedade."
T.L. Friedman (2005) "O mundo é plano. Uma história breve do século XXI".
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