O Reino, ainda Unido, decidiu sair de uma outra União, a Europeia. Com consequências que estão para lá do nevoeiro destes dias, e dos que aí vêm, e que apenas se vislumbram como vultos fantasmagóricos, com mais trevas ou prenunciando luz, mais medos ou mais esperanças, ao sabor do espírito de cada um.
Consequências económicas, certamente, que dependerão das negociações e dos negociadores, do saber fazer, do grau de exigência, da responsabilidade, da paciência, da resistência ao ruído, dos tempos curtos e dos tempos longos. Espera-se que com olhos postos no futuro, para lá dos ciclos políticos de cada um.
Consequências sobretudo políticas, que tocam nas estruturas da União, como o Parlamento Europeu, assembleia de 750 deputados, eleitos nos Estados-Membro em número proporcional à respetiva população, e limitado a um máximo de 96 (apenas a Alemanha) diluindo o poder dos mais povoados, e a um mínimo de 6 (Chipre, Estónia, Luxemburgo e Malta), garantindo alguma relevância aos mais pequenos.
O Reino Unido, ao sair, levará de volta os seus 73 eurodeputados, quase 10% do Parlamento Europeu. Só a Alemanha (96) e a França (74) têm mais.
Um vazio cujo preenchimento reconfigurará as relações de poder. Entre Países. E contas serão feitas ao número total de deputados e ao número de eleitos em cada País. E entre Grupos Políticos, nos quais os deputados se organizam e convergem.
O Grupo Europa da Liberdade e da Democracia Direta perderá metade dos efetivos, com a saída de Nigel Farage e dos deputados eleitos pelo UKIP, ficando praticamente apenas com os italianos do 5 Stelle. Os Conservadores e Reformistas Europeus perderão 21 de 73 assentos. A Aliança Progressista dos Socialistas e Democratas, onde figuram os deputados do PS, perderão 20 lugares, mais de 10%. Nos Verdes a quebra será também superior a 10%. O maior grupo, o Partido Popular Europeu, onde figuram PSD e PP, não conta com qualquer deputado do Reino-Unido.
O vazio será preenchido.
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