Em informática, um sistema binário é um código feito apenas de zeros e uns, sem vírgulas nem valores intermédios, que, através de múltiplos arranjos, se transforma em linguagem para máquinas. A mesma designação usa-se em astronomia, a propósito de dois corpos celestes que orbitam em torno de um ponto comum; é o caso de Sirius, a estrela mais brilhante do nosso céu.
Também no ensino superior existe um sistema com natureza dita binária, e que, de acordo com o Regime Jurídico das Instituições de Ensino Superior, assenta unicamente no tipo de ensino: universitário ou politécnico. Zero ou Um; Um ou Zero. Suficientemente claro à primeira vista.
Junte-se uma camada de instituições: universidades e institutos politécnicos, vocacionadas para o respetivo tipo de ensino. Incorporem-se algumas universidades com escolas politécnicas integradas, tendo estas mais alunos do que os institutos politécnicos de menor dimensão.
Polvilhe-se com nuances quanto à formação para o emprego, ao cariz da investigação realizada, mais ou menos aplicada, à divulgação da ciência ou à relação com a sociedade.
Adicione-se uma distinção quanto aos cursos oferecidos, em que os de técnico superior profissional estão reservados aos politécnicos e os de doutoramento às universidades, sem mais critério que o da natureza institucional.
Misture-se com diferentes requisitos para a criação e acreditação de cursos, com dois estatutos de carreira docente, e com uma fórmula de financiamento, desaparecida, mas sem combate, em que eram distintos os custos padrão dos dois subsistemas.
Sirva-se com um contrato para a legislatura em duas versões, a das universidades e a dos politécnicos, ignorando o cariz híbrido de algumas instituições, e, em simultâneo, vaporize-se com uma Lei da Assembleia da República sobre financiamento, parcialmente congelada.
Notas de prova: esta receita tem uma sobreposição exagerada de sabores, não deixando sobressair o melhor de cada ingrediente. A rever.
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