Dos especialistas, mestres das visões profundas mas fragmentadas;
Dos líderes e da natureza da liderança, como forma de dar sentido ao conjunto;
Dos riscos de ser político e dos defeitos no exercício da política.
"A verdade é que hoje vivemos numa civilização de especialistas e que é vão todo o empenho de que seja de outro modo. (...) O preço, porém, se tem naturalmente de pagar; paga-o o colectivo quando se queixa, e muito justamente, da falta de bons líderes, de homens com uma larga visão de conjunto, que saibam do trabaho de cada um o suficiente para o poderem dirigir e se tenham eles tornado especialistas na difícil arte de não ter especialidade própria senão essa mesma do plano, da previsão e do animar na batalha as tropas que, na maior parte das vezes, mal sabem por que se batem; paga-o o indivíduo quando, no cumprimento de uma missão fundamental para os destinos do mundo, se arrisca a ser político e sofre todos os habituais ataques dos especialistas de um ou outro campo que não se lembram de que o defeito para o político não é o de não ser técnico, mas o de não ouvir os técnicos e não lhes dar em troca, a eles, o sentido largamente humano que tantas vezes lhes falta. E, mais grave, paga-o de um modo geral a própria natureza humana, que, embora gostosamente embalando a sua preguiça nas delícias do especialismo, sente ainda, mais fundo e constante, o remorso de o ser."
Agostinho da Silva, Só Ajustamentos (1962) em "Citações e Pensamentos de Agostinho da Silva".
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