Teoria alternativa para o "choque de expetativas", em poucos "Passos".
Um: causar o máximo alarme prevenindo para o "choque de expetativas" que o orçamento vai gerar, desinquietando assim o povo e os comentadores que ampliam logo o efeito pretendido. Gera-se assim a convicção de que o orçamento, que já se suponha duro, vai ser ainda pior que duro. Para dar maior credibilidade é o próprio Primeiro-Ministro, que garante estarmos no caminho certo, que protagoniza esta fase.
Dois: reforçar o efeito da Fase Um através de uma "fuga de informação" parcial, sobre uma medida de efeito marginal mas com contornos sociais facilmente exploráveis. Os tristes deputados que temos passam uma semana a discutir algo que alguém está a preparar, mas que ninguém sabe, em concreto, de que se trata. Os jornalistas e os comentadores, salvo algumas exceções, ajudam à festa, explorando o diz que disse, a reação ao que foi dito, a suposição, os cálculos, a entrevista aos potenciais afetados e os dramas que certamente se seguirão.
Três: dar a boa notícia. O outro Primeiro-Ministro, que era o n.º 3 antes do golpe de Verão e que agora é designado como Vice-Primeiro-Ministro, explica que foram "os maus" que assustaram as pessoas e lançaram a confusão, e que a medida em causa foi, como é óbvio, cuidadosamente pensada para proteger quem precisa de ser protegido, com a enorme consciência social de que só este Governo (ou a parte que ele próprio representa) é capaz, só afetando, afinal, 25.000 "ricos".
Quatro: para não deixar dúvidas sobre quem manda verdadeiramente no Governo tem, de um lado, a Ministra das Finanças que levou ao conhecido ato que foi temporariamente irrevogável, e do outro um dos seus Ministros.
Quinto: esta "emergência comunicacional" teve de ser cuidadosamente desmontada pelo próprio, justificando assim uma conferência de imprensa, com crescentes expetativas (as tais) à medida que ia sendo adiada, e onde repetiu e reptiu a mensagem, para que se perceba bem e para estar mais tempo no écran.
Resultado: pouco se falou de todas as outras medidas e não se explicou, de modo coerente, o que aí vem. Objetivo cumprido!
Uma pergunta para quem duvida destas teorias da conspiração: alguém foi demitido por uma fuga de informação (como outras) tão "prejudicial" ao Governo?
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