"Dito de outra forma, isto significa que, quando a obtenção de resultados materiais favorece sobretudo (como facilmente se compreende) os decisores menos dados a preocupações habitualmente designadas por éticas e quando o reconhecimento social favorece mais o resultado do que os meios de o obter, é natural que os decisores económicos tendam a ajustar os seus comportamentos para os resultados e para os meios que mais facilmente os permitem alcançar. E quem, por qualquer rebuço ético, o não queira fazer, acabará centrifugado do processo, em favor de quem esteja disposto a fazê-lo, assim se estabelecendo uma hierarquia social ordenada pelo valor socialmente reconhecido como dominante - a riqueza material."
Vítor Bento (2011), Economia, moral e política, Fundação Francisco Manuel dos Santos.
"- É essa a diferença, Norberto, uma coisa é lutar pelo poder, é viver um projeto de poder; outra, é lutar para derrubar um regime. Neste caso, é de revolução que se trata, a luta acontece toda, então, fora do centro, é a liberdade que comanda, que une e que empolga. Era dessa liberdade que o teu pai falava. Era por ela que se batia. Aqui o cenário é outro. Já não se trata de derrubar o centro, mas sim de o ocupar, de ter nele um papel. Não é mais pela liberdade que se luta. A liberdade dá-se melhor na periferia e só na margem se reencontra com a sua raiz. Vê como o teu pai mudou a linguagem e está agora tão próximo do meu. De uma forma ou de outra são gente do centro. Estão do lado da ordem. E sempre souberam que seria assim."
Álvaro Laborinho Lúcio (2016), O Homem Que Escrevia Azulejos, Quetzal Editores.
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