quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Despesas das universidades

Em tempos de crise, reduções orçamentais, cortes de pessoal e outras restrições, em todos os setores de atividade e também nas universidades, aqui fica uma curiosa descrição da estrutura de despesa da Universidade de Coimbra:

É possível igualmente conhecer a estrutura de despesa em Coimbra, captada em diversos momentos do século XVIII: os gastos anuais orçavam os 20 contos de réis (em 1765-1769), sendo os ordenados (do reitor dos lentes e dos oficiais) a parcela maior (55,4%); as tenças pagas a familiares de professores e funcionários montavam a 11,5%; as subvenções pagas ao Colégio de S. Paulo e ao Colégio das Artes, 13,2%; as despesas com a capela (4%) e com os préstitos (2%) eram menores; pelo contrário, eram significativas (e tinham-no sido muito mais na segunda e terceira décadas do século, altura em que se construíram a nova "casa da livraria" e a torre) as que se efectuavam com obras (10%); 3,8% eram gastos em encargos diversos.

in Uma história da Universidade na Europa, vol. II - as Universidades na Europa Moderna (1500-1800), coordenadora H. Ridder Symoens.

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Mobilidade e acesso ao ensino superior

A Direcção-Geral do Ensino Superior disponibiliza um conjunto de estatísticas e relatórios sobre ensino superior. É o caso da publicação intitulada "Concurso Nacional de Acesso: 2010 em números", de Janeiro de 2011.

Entre os diversos dados apresentados olhei com particular interesse para o que é designado para os quadros "mobilidade de candidatos considerando a primeira preferência de colocação" e "colocados por instituição de ensino superior e distrito de origem."

A seriação de preferências, e a subsequente colocação, é um exercício em que se combinam múltiplos factores: a nota de acesso, as instituições que oferecem as áreas e os cursos de preferência, questões económicas, aspectos afectivas, de proximidade e de preferência geográfica. Não é simples, por isso, tirar conclusões seguras nem estabelecer relações causa-efeito. Ficam assim, apenas, algumas observações, mais da superfície dos números do que para lá dela, tendo por base o cálculo de algumas relações entre os dados disponibilizados (que se referem, unicamente, à 1ª fase do concurso nacional de acesso).

No primeiro caso, e tendo por base o distrito de candidatura (origem) e o distrito a que se refere a 1ª opção de colocação é possível constatar, meramente em termos de distritos e considerando todas as instituições de ensino superior público, universitário e politécnico, que:

Lisboa recolheu 31% das preferências, seguida do Porto (22%), Coimbra (11%), Braga (7%) e Aveiro (4%).

A taxa de alunos cuja primeira opção se localiza no distrito de origem foi muito elevada em, apenas, 3 casos: Lisboa (88%), Coimbra (82%) e Porto (79%); seguem-se Braga (55%) e Madeira (52%).

Candidataram-se 2574 alunos do distrito de Coimbra, que foi, por sua vez, o distrito preferido por 5814 candidatos, ou seja mais do dobro; com base nesta mesma relação segue-se Castelo Branco (com um rácio de 1,6), Lisboa (1,4), Porto (1,2) e Évora (1,1).

Olhando agora para o distrito de origem dos candidatos efectivamente colocados na Universidade do Porto, a instituição com mais vagas a concurso, constata-se que 66% dos colocados são originários do distrito do Porto; se considerarmos Braga obtemos 75% dos colocados; adicionando Aveiro e Viana do Castelo atingimos 85%; com Vila Real e Viseu perfazem-se 92%. Apenas 8% são provenientes do restante território.

A seguir com atenção agora, em 2011, ano em que a situação económica das pessoas poderá ter um peso crescente nas opções.