sábado, 13 de setembro de 2008

O tamanho importa

As Universidades enfrentam uma competição mais intensa e crescentes exigências da sociedade. Disponibilização de formações diversas, flexíveis e mais estreitamente ligadas ao mercado de trabalho; formação avançada; formação para activos; investigação com resultados aplicáveis a curto prazo; transferência de conhecimento e tecnologia para empresas e outras instituições; fomento de inovação e de atitudes empreendedoras; divulgação dos saberes; contribuir para a competitividade dos países e regiões. Actuação com maior qualidade, eficácia e eficiência; com transparência e prestação de contas. Competição por mais alunos e pelos melhores alunos; por financiamento do Estado e privado; por docentes e investigadores; por prestígio. Fazer mais, melhor e diferente.
As respostas a estas pressões não se confinam à modificação da oferta formativa, da natureza da relação com as empresas ou da relação com o Estado. Redes de cooperação, alianças estratégicas, consórcios e fusões são expressões que fazem já parte do quotidiano de muitas instituições, um pouco por toda a Europa ocidental. As Universidades estão a mudar de forma, e de tamanho. E o tamanho importa! Eis alguns exemplos.
  • Em Manchester, a UMIST e a Victoria University fundiram-se em 2004, dando lugar à Universidade de Manchester, uma das maiores do Reino-Unido, e criando "a powerful new force in British Higher Education". Nos objectivos expressos figura a ambição de se afirmar como uma das melhores universidades do mundo, até 2015.
  • O governo dinamarquês redesenhou o mapa do Ensino Superior, há pouco mais de um ano, promovendo a redução de 25 instituições a apenas 8 universidades e 3 instituições de investigação. Uma das páginas do Ministério que tutela o sector é sugestivamente intitulada "Research to be strengthened with fewer Danish Universities" e realça, sob este título, a criação de três grandes universidades (Copenhaga, Aarhus e Universidade Técnica) que posiciona entre as maiores da Europa em termos de recursos, e que serão responsáveis por dois terços da investigação pública e da formação universitária do país. Capacidade de atracção de estudantes e investigadores de qualidade, promoção de sinergias, acrescido potencial de formação e investigação, e a capacidade de aumentar a porção de financiamentos europeus captados pelo país são objectivos desta reforma.
  • Na Finlândia, o governo inscreveu nas suas linhas de acção a criação da "Innovation University", com aspiração a tornar-se uma instituição líder no panorama internacional. Esta universidade de Helsínquia será criada por fusão da Universidade de Tecnologia, da Escola de Economia e Gestão e da Universidade de Arte e Design. Terá cerca de 21 000 estudantes e actuará em áreas estratégicas para a Finlândia: tecnologia, gestão e arte.
  • Em França a Universidade de Estrasburgo foi criada por fusão de três universidades (Louis Pasteur, Marc Bloch e Robert Schuman). A comunidade universitária única assim criada congrega perto de 45 000 alunos, 2 900 docentes e investigadores e 2 600 não docentes. As motivações para a fusão incluem a vontade de alcançar uma posição entre as grandes universidades internacionais, acrescida capacidade de atracção de estudantes, promoção da interdisciplinaridade, diversificação das possibilidades formativas e projecção de uma imagem mais forte.
  • Mais a sul, a Universidade de Lyon foi criada em 2007 com o estatuto de estabelecimento público de cooperação científica. Este resultado de uma década de trabalhos preparatórios reúne, entre membros fundadores e associados, cerca de 20 instituições de ensino e investigação, tornando-se num gigante com mais de 120 000 estudantes e 5 500 docentes e investigadores.
  • No país vizinho está em desenvolvimento o projecto da Universidade da Catalunha, que associa 8 universidades da região. Este projecto tem por objectivo criar um sistema de formação e investigação forte e territorialmente equilibrado, baseado na colaboração e permitindo obter economias de escala, para contribuir para o desenvolvimento e competitividade da Catalunha, O conjunto destas universidades abrange 250 000 estudantes, mais de 11 000 docentes e investigadores, 7 000 não docentes.

E entre nós?

  • O Regime Jurídico aprovado em 2007 contempla novas formas de enquadramento institucional como sejam fundações públicas com regime de direito privado, associações e consórcios de instituições (embora vedando fusões entre universidades e institutos politécnicos, e gorando assim projectos desta natureza nas regiões de Lisboa e do Ave).
  • Nas Grandes Opções do Plano para 2009 (ver em www.min-financas.pt), figura a "criação de consórcios de instituições politécnicas de âmbito regional,…, e de instituições universitárias". Em consonância, e em nota do MCTES sobre o Orçamento para 2009 (ver em www.fenprof.pt), prevê-se a criação de um fundo específico de desenvolvimento do Ensino Superior, de natureza competitiva, e destinado, designadamente, à constituição de redes, estabelecimento de fundações e instalação de consórcios.
  • Em 14 de Julho último a Universidade de Lisboa, U. Técnica de Lisboa e a U. Nova de Lisboa assinaram um memorando de entendimento para reforçar a colaboração entre as três instituições. Na sua introdução reconhece-se "a necessidade de um entendimento que permita dar maior projecção à dimensão universitária da cidade de Lisboa e à capacidade de as suas instituições universitárias competirem no espaço europeu e internacional do ensino superior" e as instituições comprometem-se a realizar estudos "no sentido de uma análise do interesse e da pertinência de encarar modalidades futuras de ligação e associação" (www.unl.pt/noticiastodas).
São tempos de profunda mudança, no seio das próprias Universidades e no seu relacionamento com a sociedade. Um resultado possível em Portugal? Menos instituições, com apenas 2 ou 3 universidades de grande dimensão, com alguma projecção internacional, e com potencial para gerar um círculo vicioso: maior dimensão, atracção de alunos e recursos, capacidade de investimento, maior dimensão, … Maior estratificação do sistema, com uma hierarquia de prestígio, maior diferença entre as instituições, menor competição no panorama nacional. Redução da presença no interior do país, promovendo a deslocação de mais jovens e empresas para os grandes centros e agravando as assimetrias territoriais.

quarta-feira, 3 de setembro de 2008

Sinais

Extracto do sítio do Jornal de Notícias (30 de Agosto) a propósito da hipotética candidatura de Elisa Ferreira à Câmara Municipal do Porto e ao Parlamento Europeu:

"O candidato à Câmara deve dar todos os sinais de concentração no objectivo de vir a ser presidente", defendeu, por sua vez, Pedro Baptista. Isto "para não dar ideia de que vem cá fazer uma expedição". Porém o candidato à Distrital também admite "margem de manobra", como uma solução em que Elisa Ferreira abdicaria no lugar do PE, só após a eleição europeia, num acto de "generosidade política e amor ao Porto."

terça-feira, 2 de setembro de 2008

Desperdiçadores de tempo

O tempo é um recurso não renovável. No entanto não o costumamos encarar como tal. Talvez a isso se deva uma parte da apregoada baixa produtividade nacional. Se identificar uma parte significativa do seu dia-a-dia nas linhas que se seguem faça um esforço, e mude alguma coisa!

Os 21 principais desperdiçadores de tempo
Fonte: Industrial Society survey

1. Interrupções frequentes - telefónicas ou outras.
2. Indecisão.
3. Reuniões longas demais ou mesmo desnecessárias.
4. Trocar de prioridades a meio do caminho.
5. Ausência de objectivos, prioridades ou planeamento diário.
6. Desorganização pessoal.
7. Um espaço de trabalho atravancado.
8. Incapacidade de delegar eficazmente.
9. Mudar apenas a papelada de lugar.
10. Limitações de equipamento ou material.
11. Ter de andar atrás das pessoas.
12. Tentar fazer demasiado - incapaz de dizer "Não."
13. Esvoaçar de tarefa em tarefa deixando-as todas inacabadas.
14. Informação ou comunicação de má qualidade.
15. Socialização excessiva.
16. Procedimentos não adequados.
17. Divisão pouco clara de responsabilidades ou autoridade.
18. Verificação constante de outros.
19. Mergulhar numa tarefa sem planeamento.
20. Baixa auto-disciplina.
21. Exaustão - como consequência dos pontos anteriores!

Tradução livre do quadro reproduzido em "The Higher Education Manager's Handbook", de Peter McCaffery.