As "Notas" de hoje no Click, Antena 1.
Veículos sem condutor; instrumentos que decidem; robôs emotivos; nanodispositivos médicos; fusão entre o biológico e o físico; impressão 3d de tudo e de mais alguma coisa; novas aplicações na biotecnologia e genética. Estas não são visões de Isaac Asimov. Fazem parte de um futuro que já começou a chegar, graças à ligação estreita entre áreas até então separadas. Um futuro acelerado e ampliado por estarmos ligados quase em permanência, quase em qualquer lugar, a cada vez mais pessoas e máquinas; com maior poder de cálculo ao alcance da mão do que o que levou o homem à Lua; com acesso a muito mais informação do que a que poderíamos digerir ao longo de várias vidas. Com oportunidades imensas, algumas ainda mal imaginadas, mas que, em simultâneo, questiona conceitos sobre a própria natureza do ser humano, sobre as relações entre pessoas, sobre a ética da descoberta, do uso do conhecimento e da tecnologia.
Mudança rápida, brusca, imprevisível, não mediada pela geografia ou pelo tempo. Não é evolução, é revolução - a quarta revolução industrial, como se debateu no Fórum Económico Mundial realizado, há poucos dias, em Davos.
O relatório The Future of Jobs and Skills estima uma redução global de mais de 5 milhões de postos de trabalho e uma profunda alteração de perfis: em 2020, já ao virar da esquina, mais de um terço das competências que serão procuradas não são, hoje, consideradas essenciais. O mundo pode até ter-se tornado mais plano, para usar a expressão de Thomas Friedman, mas a orografia não cessa de mudar, e as planícies dão lugar a novas colinas e mesmo a montanhas, que não serão de acesso igual para todos.
As Universidades são agentes desta revolução em curso, através da investigação que fazem. E, ainda que sem a exclusividade de outrora, são determinantes na formação de pessoas para este mundo mais interdisciplinar, mais relacional, mais intercultural, mais mutável; no qual a capacidade de aprender em permanência será valorizada; no qual os dilemas éticos estarão presentes em cada vez mais áreas.
Para fazê-lo bem precisam de um acrescido sentido crítico sobre o que as rodeia e sobre si mesmas: dos conteúdos e métodos de aprendizagem aos perfis e ação dos professores; da tecnologia disponível à diversificação de vivências dos estudantes. E precisam de resistir à pressão para um ensino profissionalizante, focado no emprego imediato, aqui e agora.
sábado, 30 de janeiro de 2016
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