quarta-feira, 22 de janeiro de 2014

Despesa em I&D

Despesa em atividades de investigação e desenvolvimento por setor de execução, em 2012, expressas em percentagem do produto interno bruto (dados retirados da Pordata, baseados no Eurostat, OCDE, INE).

Despesa total
Portugal, com 1,50%, encontra-se ainda longe da média da União Europeia a 27 (2,07%) e muito longe dos países que proporcionalmente mais investem: Finlândia (3,55%), Suécia (3,41%), Dinamarca (2,98%), Alemanha (2,92%), Áustria (2,84%). Eslovénia (2,80%).

Despesa executada no Ensino Superior
Portugal (0,58%) executa mais despesa em I&D neste setor do que a média da UE-27 (0,49%), e mesmo do que a Alemanha (0,53%), embora francamente menos do que países do Norte da Europa como a Dinamarca (0,95%), a Suécia (0,92%) ou a Finlândia (0,77%).

Despesa executada no setor Estado
Sim. O setor Estado realiza investigação. Em Portugal apenas corresponde a 0,10% do PIB. Na UE-27 0,26%. Na Alemanha 0,43%, face a 0,53% no Ensino Superior.

Despesa executada em empresas
Aplicada e não só, porque empresas de ponta fazem investigação fundamental.
Finlândia (2,44%), Suécia (2,31%), Eslovénia (2,16%), Dinamarca (1,96%), ..., UE-27 (1,31%).
Portugal (0,70%) surge apenas na 16ª posição.

Estes números não dizem tudo. Estes números não dizem muito. Estes números não mostram o modelo de cada País. Mas dizem alguma coisa. Dizem que a diferença não se esbate transferindo verbas de investigação das universidades para as empresas. Dizem que a diferença não se esbate reduzindo as verbas executadas no ensino superior. Dizem que é preciso que haja mais despesa em investigação, nova despesa em investigação, nova despesa em investigação realizada nas empresas. Não sei se o caminho que alguns querem seguir é apenas o do mercado, do expoente da competição, mas a ser, em coerência, tal implicaria que as empresas paguessem mais investigação, esta diferença que temos em relação à maioria dos países.

Se compararmos 2012 com 1995 os números dizem algo mais. Dizem que triplicamos a despesa em I&D. Ora se partimos de uma situação de décadas de pouco investimento, a convergência de resultados não se alcança apenas com a, já de si difícil, convergência do nível de investimento; é preciso um esforço maior. Dizem ainda que se desinvestiu na investigação executada no setor Estado, que diminuiu de 0,14% para 0,10%. É uma situação que, neste domínio, nos coloca quase na ponta da cauda, apenas à frente de Chipre e Malta (se excluirmos a Dinamarca e a Irlanda, que em termos do setor empresarial estão noutro campeonato). Talvez tenha a ver com a situação dos Laboratórios de Estado. Seria preciso analisar outros dados.

À atenção de quem gosta de ver, e de mostrar, apenas uns números, mas não outros. E de teorizar sobre investigação útil e aplicada, universidades e empresas. Há muita informação à nossa volta, à espera de ser usada. Não de ser manipulada numa tentativa de fazer encaixar a realidade na teoria ou na ideologia.

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