terça-feira, 5 de fevereiro de 2019
A caminho das eleições
Leituras em ano de eleições.
Recordando também a discussão que se seguiu às Eleições Legislativas de 2015, mais sobre poder e legitimidade do que sobre representação, e os discursos que se começam já a ouvir com mais intensidade.
"Esta vinculação com o Estado [dos partidos por via do financiamento público] consolidou-se também pelo fato de os partidos terem começado a dar prioridade ao seu papel como instrumentos de governo em detrimento da sua função representativa. Quem está na oposição tende a considerar que se encontra nesse lugar apenas de maneira provisória, porque aquilo que lhe é próprio é office-seeking; a sua vocação é alcançar o poder, muito mais do que representar as pessoas.Os partidos dedicam-se sobretudo a governar ou a esperar que lhes toque a vez de governar. O centro de gravidade desloca-se para as responsabilidades institucionais, os partidos passam a ser controlados a partir dos governos, e enfraquece-se a sua função de identificação e representação dos interesses sociais, as quais, por vezes, inclusivamente, são incapazes de entender.
(...)
A consequência disto é que muitas vezes a verdadeira oposição é feita pelos movimentos sociais e pelas manifestações que regra geral se situam à margem dos partidos convencionais."
Em aparente contradição (ou como reforço?) o autor não escapa a referir quem está na "oposição", ou a "oposição" feita pelos movimentos sociais, em lugar da representação.
O extrato é do livro "A Política em tempos de indignação", de Daniel Innerarity.
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