Há ocasiões em que quem tem poder imagina não ter limites. Sejam eles de natureza ética, política, legal, de coerência ou de dever. Imaginam-no porque é o que desejam. Uma atuação sem obstáculos, sem condicionantes, sem compromissos. Atuação sem outros. Porque os outros são sempre incómodos, na melhor das hipóteses, senão mesmo inimigos.
Vemos isto lá fora, como se costuma dizer, como cá dentro, ainda que dentro e fora faça cada vez menos sentido neste mundo interligado. Nos mais altos níveis do poder das nações, bem como a níveis intermédios e a níveis locais. Em grandes instituições ou a uma escala mais pequena. Vemos isto onde há poder, mas em particular onde há determinado tipo de poderosos, com o seu séquito de operários do poder.
Há quem se alie, por conveniência ou convicção; quem critique, apenas porque almeja esse mesmo poder que por agora lhe escapa; quem se cale por receio, desinteresse ou descrença. Mas há também quem conteste, por entender que há limites inultrapassáveis, que há público e que há serviço público.
Há quem faça lembrar, de viva voz, ou por escrita com força legal, que os Presidentes não são Reis.
Stated simply, the primary takeaway from the past 250 years of recorded American history is that Presidents are not kings (...) This means that they do not have subjects, bound by loyalty or blood, whose destiny they are entitled to control. Rather, in this land of liberty, it is indisputable that current and former employees of the White House work for the People of the United States, and that they take an oath to protect and defend the Constitution of the United States.
Ketanji Brown Jackson, United States District Judge, 25 de novembro de 2019.
O texto completo pode ser lido aqui.
Há quem dê o poder devido, de voz ativa, no exercícios das suas funções e com base no seu conhecimento, aos que muitos teimam em querer confinar ao papel de meros executores, sem possibilidade de questionar, sem possibilidade de defender o bem comum.
"I hope you will continue to challenge ill-founded arguments and muddled thinking and that you will never be afraid to speak the truth to those in power. I hope that you will support each other in those difficult moments where you have to deliver messages that are disagreeable to those who need to hear them. I hope that you will continue to be interested in the views of others, even where you disagree with them, and in understanding why others act and think in the way that they do. I hope that you will always provide the best advice and counsel you can to the politicians that our people have elected, and be proud of the essential role we play in the service of a great democracy.”
Sir Ivan Rogers, em mensagem dirigida ao pessoal, ao resignar do cargo de Embaixador Britânico na União Europeia, num texto que já passou por este blog.
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