sábado, 3 de maio de 2008

Usos e desusos do conhecimento

Numa sociedade denominada “do conhecimento” há ainda um longo caminho a percorrer no que se refere à utilização do conhecimento nos processos de decisão.

Uma caracterização de diversos problemas neste domínio, em conjunto com a sugestão de recomendações para os atenuar, são apresentados na obra Willingly and knowingly – The roles of knowledge about nature and the environment in policy processes, RMNO, Lemma Publishers, 2000. Nela são analisados os processos de decisão, a partir do estudo de casos complexos com repercussões em termos sociais, ambientais e económicos.

Alguns exemplos, extraídos a partir das conclusões:

  • a definição do problema condiciona fortemente o papel conferido ao conhecimento disponível (ver os estudos comparativos para o Novo Aeroporto de Lisboa entre localizações previamente definidas vs. a abertura à possibilidade de uma nova localização);
  • o conhecimento é utilizado estrategicamente, pelas partes envolvidas, como instrumento de legitimação de posições adoptadas a priori e como extensão da luta pelo poder;
  • a prevalência de uma visão da ciência como “objectiva”, “independente”, não influenciada por valores;
  • o uso da incerteza como instrumento de desacreditação do conhecimento (relembrar as discussões sobre o tratamento de resíduos perigosos);
  • a dificuldade de comunicação entre decisores e investigadores.

Eis um fragmento:

Observation 6: knowledge is often not used for the formulation of policy.
Large quantities of knowledge produced for the benefit of policy are never used in that policy-making. This selective (under)use of knowledge can be attributed to different factors. Some are person-bound (for instance: the paradigm of a policy-maker, interests of policy-makers and users, knowledge monopolies), other relate to the way in which knowledge is presented (too much, too little structure, too little interaction, bad timing).

1 comentário:

mirage disse...

emprestar-me o livro?

Mirage