Competitividade, internacionalização, rankings, prestígio, parcerias com empresas, contributo para o desenvolvimento económico, prestação de serviços, diversificação do financiamento, atracção dos melhores estudantes, eficácia, eficiência, qualidade.
Estas são algumas das expressões mais frequentemente usadas na formulação de políticas para o ensino superior, e também na definção de estratégias pelas próprias instituições.
Vale por isso a pena ler a transcrição da palestra proferida por Lord Giddens a 11 de Novembro de 2008, por ocasião da 6ª palestra anual do Higher Education Policy Institute, e que intitulou Reflections on the future of universities.
Este antigo director da London School of Economics (LSE) decidiu focar a sua intervenção na relação entre ensino superior e justiça social, tema que considera ser um dos mais importantes em matéria de ensino superior.
No cerne da sua reflexão encontra-se a constatação de que subsiste uma enorme estratificação social no acesso ao ensino superior, apesar de todas as mudanças ocorridas nas últimas décadas no que se refere à estrutura da sociedade, ao mercado de trabalho e aos sistemas de ensino. No caso inglês, refere, citando trabalhos recentes da LSE, que apenas ingressam na universidade 11% dos filhos e 15% das filhas de trabalhadores não qualificados! Mais preocupante ainda a constatação de que cerca de 10% da população não é apenas pobre, mas encontra-se realmente encurralada na pobreza, sem mecanismos adequados que lhe possibilitem uma saída.
Embora as raízes destes problemas estejam a montante dos sistemas de ensino superior há aqui um enorme campo de intervenção em que também os actores do ensino superior têm de participar. Políticas de acesso e de apoio social, aproximação entre as instituições e as comunidades locais (o que significa não só trazer outras pessoas às universidades mas também levar as universidades às pessoas), valorização social do conhecimento e da aprendizagem, desenvolvimento de percursos individuais apropriados, informação sobre o ensino e sobre as actividades profissionais.
Nestas décadas de tempo acelerado é cada vez mais necessário saber fazer uma pausa, reflectir, questionar algumas "inevitabilidades" e escolher novos rumos.
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário