É um lugar comum dizer-se que Portugal tem falta de competitividade.
É o lugar em que estamos.
Mas nem todos os problemas se resolvem com financiamento, com novas leis, com procedimentos, com a intervenção do Estado.
Melhor, nem todos os problemas precisam dessa intervenção para serem resolvidos.
Fala-se muito de confiança,ou da falta dela, no Estado, nos políticos, nas instituições.
Fala-se pouco da confiança, ou da falta dela no colega, no superior, no subordinado, no outro!
Vem isto a propósito de um número que li num artigo de opinião de Adrián Caldart, no Expresso de ontem. Números valem o que valem, mas por vezes são o suficiente para despertar curiosidade e umas notas de reflexão.
Aqui fica: Portugal figura em 95.º lugar (!), num total de 144 países, num indicador cuja designação pode ser traduzida por qualquer coisa como vontade, ou disponibilidade, para delegar autoridade (dados do The Global Competitiveness Report 2012-2013, do Fórum Económico Global).
Ora este lugar, medíocre, é conferido por uma pontuação de 3,4 numa escala de 1 (todas as decisões importantes são controladas pela gestão de topo) a 7 (autoridade maioritariamente delegada aos diretores de unidades de negócio e a outros gestores de níveis inferiores), e encontra-se inserido num conjunto de indicadores que pretendem aferir sobre a sofisticação da área de negócios de cada País.
Não delegar é desconfiar. Não delegar é centralizar. Centralizar em poucos. Frustrar muitos. Sobrecarregar poucos. Limitar muitos. Não deixar decidir quem tem competência para o fazer. Quem tem treino para o fazer. Quem tem formação para o fazer. Não delegar perpetua a não delegação. Cria o conforto de que "alguém" decide. "Alguém" corre os riscos. "Alguém" ficará com as culpas. Cria também o conforto de um aparente controlo, em que tudo é decidido, coerentemente, ao máximo nível. Aparente porque a decisão é ineficiente e ineficaz. Não delegar custa tempo. Custa dinheiro. Custa competitividade.
E isto não se passa apenas nas empresas, mas também em muitas outras instituições.
Vamos mudar?
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