Precisamos, de tempos a tempos, de ver através de outros olhos, que não os nossos. Desafiando os sentidos e a razão que se cria a partir deles. Ver de novo. Ver diferente. Ver de outro ângulo. Com outras lentes. Mudando as cores. Sem cor alguma. Tocando texturas. Regressamos depois ao ponto de partida, e vemos outro mundo, apesar de ainda ser o mesmo.
Este é o efeito de olhar através do outro, do estrangeiro, do alienígena. Que convocamos pelas mais diversas razões e para os mais diversos usos. Que apela, porque diferente, talvez mais sábio. Que repele, porque diferente, porventura sem perceber os cambiantes do nosso mundo. É outro. O que é suficiente para questionar certezas e hábitos, desde que a tal estejamos abertos.
Fim de 2015. O Ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Manuel Heitor, chamou os olhos da OCDE, Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico, para vermos de modo diferente o nosso sistema de ensino superior.
Rewind.
2006. O Ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Mariano Gago, apelando aos mesmos olhos, mas também aos da ENQA, Associação Europeia para a Garantia da Qualidade no Ensino Superior, para observar precisamente o sistema de garantia de qualidade, e aos da EUA, Associação Europeia de Universidades, para um olhar individualizado sobre as universidades e politécnicos que o desejassem.
O que viram esses olhos, em 2006 e 2007? O que anteciparam? O que propuseram? O que decidimos fazer com o olhar e com a razão alienígena?
Play.
Os olhos repararam numa enorme transformação ao longo de 20 anos, desde meados de 1980 até 2006: muito mais alunos no ensino superior, mais investimento em investigação, impressionante crescimento no número de doutorados. Taxas de crescimento invulgares pela sua dimensão.
A essas vistas saltaram também problemas: de definição estratégica, de gestão do sistema como um todo, de governação institucional, de qualidade, de insucesso.
E daqui resultaram propostas.
To be continued.
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