"Dito de outra forma, isto significa que, quando a obtenção de resultados materiais favorece sobretudo (como facilmente se compreende) os decisores menos dados a preocupações habitualmente designadas por éticas e quando o reconhecimento social favorece mais o resultado do que os meios de o obter, é natural que os decisores económicos tendam a ajustar os seus comportamentos para os resultados e para os meios que mais facilmente os permitem alcançar. E quem, por qualquer rebuço ético, o não queira fazer, acabará centrifugado do processo, em favor de quem esteja disposto a fazê-lo, assim se estabelecendo uma hierarquia social ordenada pelo valor socialmente reconhecido como dominante - a riqueza material."
Vítor Bento (2011), Economia, moral e política, Fundação Francisco Manuel dos Santos.
"- É essa a diferença, Norberto, uma coisa é lutar pelo poder, é viver um projeto de poder; outra, é lutar para derrubar um regime. Neste caso, é de revolução que se trata, a luta acontece toda, então, fora do centro, é a liberdade que comanda, que une e que empolga. Era dessa liberdade que o teu pai falava. Era por ela que se batia. Aqui o cenário é outro. Já não se trata de derrubar o centro, mas sim de o ocupar, de ter nele um papel. Não é mais pela liberdade que se luta. A liberdade dá-se melhor na periferia e só na margem se reencontra com a sua raiz. Vê como o teu pai mudou a linguagem e está agora tão próximo do meu. De uma forma ou de outra são gente do centro. Estão do lado da ordem. E sempre souberam que seria assim."
Álvaro Laborinho Lúcio (2016), O Homem Que Escrevia Azulejos, Quetzal Editores.
terça-feira, 31 de janeiro de 2017
domingo, 29 de janeiro de 2017
Houston, we've had a problem here!
Bolsas.
Mais bolsas.
Bolsas que se prolongam no tempo.
Que se sucedem.
Que se eternizam.
Bolsas de formação avançada para pessoas já avançadas.
Bolsas em vez de contratos.
Para resolver esta solução o Governo, por iniciativa do Ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (MCTES), criou um regime para contratação de doutorados. "O novo regime de emprego científico torna, em suma, os contratos de trabalho como o vínculo normal para o trabalho científico pós-doutoral, visando abranger todos os investigadores doutorados que já não se encontrem em período de formação.", lê-se no documento sobre o Estímulo ao Emprego Científico.
Apollo 13, scheduled to be the third lunar landing, was launched at 1313 Houston time on Saturday, April 11, 1970.
Este regime, que entrou em vigor a 1 de setembro, suscitou desde logo inúmeras dúvidas sobre a sua aplicação. Em particular sobre a norma transitória destinada a "resolver", através da abertura de concursos, as situações de quem já era, há pelo menos três anos (em muitos casos há bem mais), bolseiro de pós-doutoramento. E também sobre o apoio financeiro da Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT).
Quem é abrangido e quem fica de fora? Como se contabiliza o tempo e eventuais interrupções? O que acontece a quem, por mais anos de bolsa que tenha tido, não fosse bolseiro há data mágica de 1 de setembro? Qual a responsabilidade das diferentes instituições de acolhimento? Concursos para as funções dos atuais bolseiros são verdadeiros concursos ou "concursos" à medida? E se a bolsa acabar antes do concurso quais são as funções em causa? Isto resolve os problemas dos bolseiros ou das instituições? Ou cria problemas que ainda não se sabe como vão ser resolvidos? O que é a que a FCT apoia financeiramente e o que deveria apoiar? O que acontece se os concursos não foram abertos? E quando as bolsas são suportadas por projetos que não têm verbas adicionais previstas para recursos humanos? Porque é que que o nível remuneratório é fixo, e é o mínimo, e não depende da experiência pós-doutoral, como acontecerá para todos os que venham a ser contratados fora da norma transitória?
Foram tantas as dúvidas, tanto dos próprios bolseiros como das instituições, que o Decreto foi "explicado", ou mesmo "interpretado", através de Perguntas Frequentes e Respetivas Respostas.
Looking back, I realize I should have been alerted by several omens that occurred in the final stages of the Apollo 13 preparation. (...) With the wisdom of hindsight, I should have said, "Hold it. Wait a second. I'm riding on this spacecraft. Just go out and replace that tank."
Entretanto, o discurso governamental insistia nas virtudes da separação entre formação por bolsas, contratação de doutorados para investigação e acesso à carreira de investigação. "Estamos a propor à vossa discussão se temos ou não, como comunidade científica, a capacidade de melhor perceber a necessidade de desacoplar três processos, que em Portugal, dado o nosso estádio de desenvolvimento, ainda estão muito misturados: que é a parte da formação, formação doutoral e eventualmente formação pós-doutoral, que tem um contexto específico, usando sobretudo o recurso a bolsas; o recrutamento de doutorados, que deve ter um processo próprio de contratação; e depois as carreiras académicas que devem ter outro processo.", afirmava o MCTES no primeiro debate público sobre o Sistema de Ciência e Tecnologia, o Ensino Superior e o Emprego Científico, Laboratório Nacional de Engenharia Civil, 9 de novembro de 2016.
Em coerência com o texto do diploma, que não fazia referência, nem no preâmbulo nem no articulado, ao combate à precariedade ou à inserção na carreira de investigação.
As sessões de debate sucederam-se em novembro e dezembro, as perguntas e tentativas de resposta também.
At five and a half minutes after liftoff, Swigert, Haise, and I felt a little vibration.
Apesar de não terem ainda começado as aberturas de concursos, haveria tempo suficiente. A data limite para o cumprimento da norma transitória, 31 de agosto de 2017, estava longe e permitiria eventuais ajustes de rota. Estava por agendar a apreciação parlamentar do diploma, requerida pelo PCP e BE.
At 46 hours 43 minutes Joe Kerwin, the CapCom on duty, said, "The spacecraft is in real good shape as far as we are concerned. We're bored to tears down here."
Mas a aparentemente acalmia à superfície estava a acabar. O que era já não será. Diz o MCTES, em Plenário da Assembleia da República, a 18 de janeiro: "(...) particularmente importante identificar e clarificar três aspetos: primeiro, o acesso às carreiras. Esse é o objetivo deste Decreto-Lei. O recrutamento inicial de jovens investigadores com doutoramento deve dar o acesso às carreiras. Se há dúvida perante essa intenção deve ficar perfeitamente claro que ao fim dos seis anos de contratos deve ser aberto o concurso."
Afinal a missão, inicialmente de desacoplamento, passa a incluir uma acoplagem em plena órbita. Que, garantidamente, virá a ser concretizada, de uma maneira ou de outra, uma vez que PS, BE e PCP apresentaram propostas que vão neste sentido.
The message came in the form of a sharp bang and vibration. Jack Swigert saw a warning light that accompanied the bang, and said, "Houston, we've had a problem here." I came on and told the ground that it was a main B bus undervolt. The time was 2108 hours on April 13.
Estranhamente, toda a discussão pública, quer da versão inicial quer agora das alterações, é omissa quanta a custos, fontes de financiamento e impacto na gestão de pessoas. Governo, Partidos, Instituições, Associações são vagos, quando não completamente omissos. Não que a questão financeira deva ser o primeiro ou o único critério. Mas sim porque é importante analisar as consequências e acautelar as necessidades. Sob pena de o exercício vir a ser desvirtuado ou inviabilizado.
Não me parece que esta legislação permita que "os cerca de 2500 doutorados anualmente têm a legítima expectativa de ter direito a uma bolsa de pós-doc de três anos a que se segue um contrato de trabalho de seis anos e finalmente um contrato permanente de investigador ou docente em funções públicas!" ou que o Governo proponha "A contratação de todos os bolseiros pós-doc", como afirma o anterior Secretário de Estado, José Ferreira Gomes. Mas tem razão quando afirma "Não é honesto que alguém prometa aquilo que não pode dar!".
There were many, many things to do. In the first place, did we have enough consumables to get home?
Modificar sistemas em funcionamento é um processo de alto risco. E modificar modificações ainda mais. Porque a coerência é fácil de perder. Porque os detalhes podem assumir grandes dimensões. Porque há várias perspetivas que têm de ser consideradas. Desde logo a dos bolseiros que já não o deviam ser, principais destinatários destas medidas. Mas também a das instituições. Da sua autonomia, E a do Estado como regulador. E a das agências de financiamento. E a das outras medidas que irão surgir, pelos vistos muito brevemente, sobre o combate à precariedade noutros domínios. Que, repita-se, não era, assumidamente, o cerne da questão.
Alguns dos "detalhes" que importa considerar. A inadequação de uma data mágica de transição; que pode ser resolvida através de um período deslizante. A diferença entre os regimes de contratação em universidades fundacionais e não fundacionais; que leva a que, no primeiro caso, os contratos sejam "até" seis anos, podendo ser naturalmente muito inferiores, por exemplo em função da duração de projetos, e, no segundo, garantidamente de seis anos, salvo avaliação negativa do investigador. A ligação ou não à carreira. Os níveis remuneratórios em transição e fora da transição. A sobreposição de níveis remuneratórios que permite que duas pessoas com experiências significativamente diferentes, e que portanto deveriam ter funções distintas, possam, afinal, ser remuneradas do mesmo modo. A necessidade de introduzir um limite mais curto para as bolsas de pós-doutoramento, no Estatuto do Bolseiro de Investigação Científica.
To get Apollo 13 home would require a lot of innovation. Most of the material written about our mission describes the ground-based activities, and I certainly agree that without the splendid people in Mission Control, and their backups, we'd still be up there. They faced a formidable task. Completely new procedures had to be written and tested in the simulator before being passed up to us. The navigation problem was also theirs; essentially how, when, and in what attitude to burn the LM descent engine to provide a quick return home. They were always aware of our safety, as exemplified by the jury-rig fix of our environmental system to reduce the carbon dioxide level.
O final desta história está, ainda, por escrever.
E o tempo continua a passar.
Sobretudo para os bolseiros.
Our mission was a failure but I like to think it was a successful failure.
Ligações
Extratos de "Apollo Expeditions to the Moon", Chapter 13.1, da autoria do comandante da missão James Lovell
http://www.hq.nasa.gov/office/pao/History/SP-350/ch-13-1.html
Entrevista a José Ferreira Gomes, anterior Secretário de Estado
http://observador.pt/opiniao/emprego-cientifico-ou-piramide-insustentavel/
Página da FCT dedicada ao debate público sobre o Sistema de Ciência e Tecnologia, com ligação para documentos e para vídeos de algumas das sessões de debate
http://www.fct.pt/noticias/index.phtml.pt?id=188&/2017/1/Sess%C3%B5es_de_Debate_P%C3%BAblico_sobre_o_Sistema_de_C&T,_o_Ensino_Superior_e_o_Emprego_Cient%C3%ADfico
sábado, 28 de janeiro de 2017
To transform people
Across the world.
Looking outside to better view inside.
Posts based upon Mottos, Reflections, Plans and Actions from Universities around the World.
Mission of the National University of Singapore:
"To transform the way people think and do things through education, research and service".
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domingo, 22 de janeiro de 2017
O ovo, a galinha, a omelete e o empadão
O que surgiu primeiro: o ovo ou a galinha?
Não sei e até costumo dizer que foi o Coelho da Páscoa que trouxe os ovos!
Mas sei que não se fazem omeletes sem partir ovos.
E que, se os ovos surgiram primeiro, é possível fazer omeletes sem haver galinhas.
Já para o empadão são precisos ovos e galinhas.
Questões de origem, de evolução e de cozinhados, de primeira ou de segunda ordem.
Quem escolhe quem?
O Conselho Geral escolhe o Reitor ou o(s) candidato(s) a Reitor escolhe(m) o Conselho Geral?
Quais as consequências para a governação das universidades?
E para o desempenho e saúde das instituições?
Em 2017 assinala-se uma década deste novo modelo de governo, que impôs órgãos mais pequenos e processos de escolha diferentes. Tempo suficiente para que surjam estudos, reflexões e opinião publicada sobre o mesmo. Incluindo a dos próprios atores. É o caso da Reitora da Universidade de Évora, Ana Freitas (AF), em discurso direto ao Diário de Notícias (DN):
DN - O que é que mudou da primeira candidatura para a segunda. Aprendeu a fazer lóbi?
AF - Não. Nós somos eleitos pelo Conselho Geral, que tem 25 pessoas. E fiz uma lista para o Conselho Geral, coisa que não tinha feito da primeira vez. Apresentei o programa, discuti-o e arranjei apoiantes, o que não tinha feito, achava conscientemente que bastava apresentar um programa e que as pessoas o iam ler, que votavam no que achavam melhor.
DN - Tem de se mexer uns cordelinhos para garantir a votação.
AF - Sim. E duvido de que as pessoas, tanto a nível nacional como internacional, leiam os programas de governo e os programas dos partidos antes de votar. Na universidade é um bocado a mesma coisa.
Frontal. Cristalino. Revelador. Perturbador. Preocupante.
É preocupante porque uma das competências do Conselho Geral é apreciar os atos do Reitor, o que requer, desde logo, independência e não dependência.
É perturbador porque as ditas listas de docentes e investigadores não assumem ao que vão: eleger um determinado Reitor. Não me recordo de ver expresso em nenhum programa eleitoral, nos casos em que tal é exigido, a afirmação, à cabeça, de que a principal linha programática é a eleição de fulano ou de sicrano. Ainda que tal seja um segredo de polichinelo, conhecido de toda a academia mas silenciado, numa encenação fútil. Ainda que tal inviabilize, de todo, a possibilidade de eleição de um Reitor interno que não tenha disputado estas verdadeiras primárias, ou a escolha de um Reitor externo. Reduzindo a escolha. Escolhendo apenas de entre aqueles que dedicaram muito do seu tempo a preparar caminho.
É perturbador porque esta perversão contamina também, por vezes, as listas de estudantes e de não docentes e não investigadores. Porque estes podem ser determinantes para o resultado final. E assim se geram teias de cumplicidades e de jogos de poder, contas de deve e de haver que perduram no tempo. Na sombra. Não declaradas.
É revelador da prioridade dada à escolha de uma presonalidade, ao alinhamento prévio de uns e de outros, à contagem de espingardas. A reflexão e discussão de projetos fica para segundo plano. E se bem que não haja projetos sem pessoas, não parece suficiente discutir só pessoas. Discutir pessoas não é, sequer, a expressão certa, porque também não se assiste a um debate sobre as virtudes e defeitos dos candidatos. Trata-se apenas de tomar partido. Ser a favor ou contra.
É revelador dos princípios por que muitos se regem, colaborando ativamente neste processo, ou pactuando passivamente com o teatro do absurdo. Dirão que são estas as regras e que há que jogar o jogo. Mas "fair play", e "fair" é a palavra importante, é o que fica para além das regras, é a atitude para além do que está escrito, é querer fazer melhor, ser mais digno, ser mais inspirador, estar mais ao serviço de.
É cristalino pelo modo de atuar, pelo exemplo que dá, pela cultura institucional que promove, pelo que perpetua. Pela relação entre fins e meios. E para onde são remetidos os princípios.
É frontal porque assume uma visão. Não julgo que seja a única. Não sei se é a maioritária. Se for não haverá muito a fazer. As academias estarão satisfeitas. Tenho dúvidas que assim seja. Mas só se saberá o verdadeiro estado, que até pode ser diferente em diferentes instituições, se cada um for frontal.
O exemplo referido está longe de ser um caso isolado, como atesta um estudo realizado por Oliveira et al. (2014):
"(...) os testemunhos de vários conselheiros internos confirmam a preocupação crescente, na passagem do primeiro para o segundo ciclo de existência dos conselhos gerais, dos futuros candidatos a reitor terem um especial cuidado na formação de listas."
"(...) aqueles que são eleitos para o conselho geral para votarem num certo candidato estão condicionados nessa prática de fiscalização."
"Também os professores que integraram a lista candidata do reitor ao conselho geral (entretanto eleito reitor) não se conseguem dissociar dessa “lista” e manifestam uma completa falta de sentido crítico face às propostas apresentadas pelo reitor, que invariavelmente, e em uníssono, aplaudem."
As duas últimas afirmações foram proferidas por membros de Conselhos Gerais.
Provavelmente é tempo de repensar a articulação ente órgãos, as responsabilidades e os processos de escolha. Um processo normal sobre uma Lei que vai fazer 10 anos. Analisar, discutir, aperfeiçoar. Um processo que as próprias Universidades poderiam, e deveriam, incentivar.
Até lá não vale a pena reclamarem o papel de reserva moral e crítica da sociedade.
Pelo menos enquanto não forem mais críticas de si mesmas.
Por docentes, investigadores, estudantes e não docentes e não investigadores.
Nos sítios próprios.
Que não são os corredores, os bares ou as reuniões de amigos.
De modo próprio.
Com argumentos, opiniões, de viva voz e sem receio.
Nos momentos próprios.
Que são todos e não apenas em eleições.
Fontes citadas:
http://www.dn.pt/portugal/entrevista/interior/o-nosso-problema-nao-e-que-os-nossos-jovens-saiam-e-que-nao-venham-outros-5360921.html
A.C. Oliveira, P. Peixoto e S. Silva (2014), "O Papel dos Conselhos Gerais no Governo das Universidades Públicas Portuguesas - A Lei e a Prática", NEDAL – Núcleo de Estudos de Direito das Autarquias Locais e IUC – Imprensa da Universidade de Coimbra.
Não sei e até costumo dizer que foi o Coelho da Páscoa que trouxe os ovos!
Mas sei que não se fazem omeletes sem partir ovos.
E que, se os ovos surgiram primeiro, é possível fazer omeletes sem haver galinhas.
Já para o empadão são precisos ovos e galinhas.
Questões de origem, de evolução e de cozinhados, de primeira ou de segunda ordem.
Quem escolhe quem?
O Conselho Geral escolhe o Reitor ou o(s) candidato(s) a Reitor escolhe(m) o Conselho Geral?
Quais as consequências para a governação das universidades?
E para o desempenho e saúde das instituições?
Em 2017 assinala-se uma década deste novo modelo de governo, que impôs órgãos mais pequenos e processos de escolha diferentes. Tempo suficiente para que surjam estudos, reflexões e opinião publicada sobre o mesmo. Incluindo a dos próprios atores. É o caso da Reitora da Universidade de Évora, Ana Freitas (AF), em discurso direto ao Diário de Notícias (DN):
DN - O que é que mudou da primeira candidatura para a segunda. Aprendeu a fazer lóbi?
AF - Não. Nós somos eleitos pelo Conselho Geral, que tem 25 pessoas. E fiz uma lista para o Conselho Geral, coisa que não tinha feito da primeira vez. Apresentei o programa, discuti-o e arranjei apoiantes, o que não tinha feito, achava conscientemente que bastava apresentar um programa e que as pessoas o iam ler, que votavam no que achavam melhor.
DN - Tem de se mexer uns cordelinhos para garantir a votação.
AF - Sim. E duvido de que as pessoas, tanto a nível nacional como internacional, leiam os programas de governo e os programas dos partidos antes de votar. Na universidade é um bocado a mesma coisa.
Frontal. Cristalino. Revelador. Perturbador. Preocupante.
É preocupante porque uma das competências do Conselho Geral é apreciar os atos do Reitor, o que requer, desde logo, independência e não dependência.
É perturbador porque as ditas listas de docentes e investigadores não assumem ao que vão: eleger um determinado Reitor. Não me recordo de ver expresso em nenhum programa eleitoral, nos casos em que tal é exigido, a afirmação, à cabeça, de que a principal linha programática é a eleição de fulano ou de sicrano. Ainda que tal seja um segredo de polichinelo, conhecido de toda a academia mas silenciado, numa encenação fútil. Ainda que tal inviabilize, de todo, a possibilidade de eleição de um Reitor interno que não tenha disputado estas verdadeiras primárias, ou a escolha de um Reitor externo. Reduzindo a escolha. Escolhendo apenas de entre aqueles que dedicaram muito do seu tempo a preparar caminho.
É perturbador porque esta perversão contamina também, por vezes, as listas de estudantes e de não docentes e não investigadores. Porque estes podem ser determinantes para o resultado final. E assim se geram teias de cumplicidades e de jogos de poder, contas de deve e de haver que perduram no tempo. Na sombra. Não declaradas.
É revelador da prioridade dada à escolha de uma presonalidade, ao alinhamento prévio de uns e de outros, à contagem de espingardas. A reflexão e discussão de projetos fica para segundo plano. E se bem que não haja projetos sem pessoas, não parece suficiente discutir só pessoas. Discutir pessoas não é, sequer, a expressão certa, porque também não se assiste a um debate sobre as virtudes e defeitos dos candidatos. Trata-se apenas de tomar partido. Ser a favor ou contra.
É revelador dos princípios por que muitos se regem, colaborando ativamente neste processo, ou pactuando passivamente com o teatro do absurdo. Dirão que são estas as regras e que há que jogar o jogo. Mas "fair play", e "fair" é a palavra importante, é o que fica para além das regras, é a atitude para além do que está escrito, é querer fazer melhor, ser mais digno, ser mais inspirador, estar mais ao serviço de.
É cristalino pelo modo de atuar, pelo exemplo que dá, pela cultura institucional que promove, pelo que perpetua. Pela relação entre fins e meios. E para onde são remetidos os princípios.
É frontal porque assume uma visão. Não julgo que seja a única. Não sei se é a maioritária. Se for não haverá muito a fazer. As academias estarão satisfeitas. Tenho dúvidas que assim seja. Mas só se saberá o verdadeiro estado, que até pode ser diferente em diferentes instituições, se cada um for frontal.
O exemplo referido está longe de ser um caso isolado, como atesta um estudo realizado por Oliveira et al. (2014):
"(...) os testemunhos de vários conselheiros internos confirmam a preocupação crescente, na passagem do primeiro para o segundo ciclo de existência dos conselhos gerais, dos futuros candidatos a reitor terem um especial cuidado na formação de listas."
"(...) aqueles que são eleitos para o conselho geral para votarem num certo candidato estão condicionados nessa prática de fiscalização."
"Também os professores que integraram a lista candidata do reitor ao conselho geral (entretanto eleito reitor) não se conseguem dissociar dessa “lista” e manifestam uma completa falta de sentido crítico face às propostas apresentadas pelo reitor, que invariavelmente, e em uníssono, aplaudem."
As duas últimas afirmações foram proferidas por membros de Conselhos Gerais.
Provavelmente é tempo de repensar a articulação ente órgãos, as responsabilidades e os processos de escolha. Um processo normal sobre uma Lei que vai fazer 10 anos. Analisar, discutir, aperfeiçoar. Um processo que as próprias Universidades poderiam, e deveriam, incentivar.
Até lá não vale a pena reclamarem o papel de reserva moral e crítica da sociedade.
Pelo menos enquanto não forem mais críticas de si mesmas.
Por docentes, investigadores, estudantes e não docentes e não investigadores.
Nos sítios próprios.
Que não são os corredores, os bares ou as reuniões de amigos.
De modo próprio.
Com argumentos, opiniões, de viva voz e sem receio.
Nos momentos próprios.
Que são todos e não apenas em eleições.
Fontes citadas:
http://www.dn.pt/portugal/entrevista/interior/o-nosso-problema-nao-e-que-os-nossos-jovens-saiam-e-que-nao-venham-outros-5360921.html
A.C. Oliveira, P. Peixoto e S. Silva (2014), "O Papel dos Conselhos Gerais no Governo das Universidades Públicas Portuguesas - A Lei e a Prática", NEDAL – Núcleo de Estudos de Direito das Autarquias Locais e IUC – Imprensa da Universidade de Coimbra.
sábado, 21 de janeiro de 2017
If you change nothing, nothing will change.
Across the world.
Looking outside to better view inside.
Posts based upon Mottos, Reflections, Plans and Actions from Universities around the World.
"Our organizational culture must challenge us to be the best that we can be.
(...)
It is only through a collective commitment to living out our shared values that we will see cultural change. Nevertheless, consultation with our staff revealed a strong sense that this change needed to begin in the formal leadership of the University at all levels."
In University of Sydney 2016–20 Strategic Plan - If you change nothing, nothing will change.
Looking outside to better view inside.
Posts based upon Mottos, Reflections, Plans and Actions from Universities around the World.
"Our organizational culture must challenge us to be the best that we can be.
(...)
It is only through a collective commitment to living out our shared values that we will see cultural change. Nevertheless, consultation with our staff revealed a strong sense that this change needed to begin in the formal leadership of the University at all levels."
In University of Sydney 2016–20 Strategic Plan - If you change nothing, nothing will change.
segunda-feira, 16 de janeiro de 2017
As leis da robótica
Códigos. Robots. Inteligência artificial. Autonomia. Decisões. E tudo que vem com elas. Consequências. Responsabilidades. Responsáveis. Ética. Novos dilemas que resultam do avanço científico e tecnológico. E que estão em discussão no Comité dos Assuntos Legais da Comissão Europeia:
"In order to address this reality and to ensure that robots are and will remain in the service of humans, we urgently need to create a robust European legal framework.
(...)
For example, this code [of etichal conduct] should recommend that robot designers include “kill” switches so that robots can be turned off in emergencies, they add.
(...)
In the long-term, the possibility of creating a specific legal status of “electronic persons” for the most sophisticated autonomous robots, so as to clarify responsibility in cases of damage, should also be considered, MEPs say."
http://www.europarl.europa.eu/news/en/news-room/20170110IPR57613/robots-legal-affairs-committee-calls-for-eu-wide-rules
Novos dilemas que são, afinal, velhos. Porque já foram imaginados. Antecipados. Contados. Escritos. Por Isaac Asimov, através das suas Três Leis da Robótica, presentes em inúmeros contos sobre a interação Homem-Máquina, ou Homem-Homem através da Máquina, ou Máquina-Máquina através do Homem:
"1ª Lei: Um robot não pode ferir um ser humano ou, por inação, permitir que um ser humano sofra algum mal.
2ª Lei: Um robot deve obedecer as ordens que lhe sejam dadas por seres humanos exceto nos casos em que tais ordens entrem em conflito com a Primeira Lei.
3ª Lei: Um robot deve proteger sua própria existência desde que tal proteção não entre em conflito com a Primeira ou Segunda Leis."
https://pt.wikipedia.org/wiki/Leis_da_Rob%C3%B3tica
Ou por Clifford D. Simak, com os seus duplicados, em busca da consciência e do original, do lugar do original, como em "Good Night, Mr. James", de 1951:
"Ninguém poria em dúvida - ao fim de algum tempo nem sequer ele próprio - que ele era Henderson James. O telefone tocou de novo e ele levantou-se para responder. Uma voz agradável disse-lhe:
- É Allen do laboratório de duplicação. Temos estado à espera de um relatório seu.
- Bem ... Eu...
Allen interrompeu-o:
- Telefonei-lhe para lhe dizer que não se preocupasse. Esqueci-me de lhe dizer uma coisa.
- Compreendo - respondeu James, ainda que não compreendesse.
- Fizemos este de uma maneira um pouco diferente - explicou Allen. Uma experiência que tínhamos de tentar. Veneno lento no sangue. Mais uma precaução. Provavelmente não será necessário, mas desejamos ser positivos. No caso de ele não aparecer, não precisa preocupar-se."
- Estou certo de que ele aparecerá.
Allen riu-se baixinho:
- Vinte e quatro horas. É como uma bomba de relógio. Mesmo que ele descobrisse o que se passa não há antídoto para o veneno.
- Agradeço ter-me telefonado - respondeu James.
- Muito bem - disse Allen. - Boa noite Mr. James."
Incluído Em "A revolta das máquinas / 1", Colecção Argonauta.
"In order to address this reality and to ensure that robots are and will remain in the service of humans, we urgently need to create a robust European legal framework.
(...)
For example, this code [of etichal conduct] should recommend that robot designers include “kill” switches so that robots can be turned off in emergencies, they add.
(...)
In the long-term, the possibility of creating a specific legal status of “electronic persons” for the most sophisticated autonomous robots, so as to clarify responsibility in cases of damage, should also be considered, MEPs say."
http://www.europarl.europa.eu/news/en/news-room/20170110IPR57613/robots-legal-affairs-committee-calls-for-eu-wide-rules
Novos dilemas que são, afinal, velhos. Porque já foram imaginados. Antecipados. Contados. Escritos. Por Isaac Asimov, através das suas Três Leis da Robótica, presentes em inúmeros contos sobre a interação Homem-Máquina, ou Homem-Homem através da Máquina, ou Máquina-Máquina através do Homem:
"1ª Lei: Um robot não pode ferir um ser humano ou, por inação, permitir que um ser humano sofra algum mal.
2ª Lei: Um robot deve obedecer as ordens que lhe sejam dadas por seres humanos exceto nos casos em que tais ordens entrem em conflito com a Primeira Lei.
3ª Lei: Um robot deve proteger sua própria existência desde que tal proteção não entre em conflito com a Primeira ou Segunda Leis."
https://pt.wikipedia.org/wiki/Leis_da_Rob%C3%B3tica
Ou por Clifford D. Simak, com os seus duplicados, em busca da consciência e do original, do lugar do original, como em "Good Night, Mr. James", de 1951:
"Ninguém poria em dúvida - ao fim de algum tempo nem sequer ele próprio - que ele era Henderson James. O telefone tocou de novo e ele levantou-se para responder. Uma voz agradável disse-lhe:
- É Allen do laboratório de duplicação. Temos estado à espera de um relatório seu.
- Bem ... Eu...
Allen interrompeu-o:
- Telefonei-lhe para lhe dizer que não se preocupasse. Esqueci-me de lhe dizer uma coisa.
- Compreendo - respondeu James, ainda que não compreendesse.
- Fizemos este de uma maneira um pouco diferente - explicou Allen. Uma experiência que tínhamos de tentar. Veneno lento no sangue. Mais uma precaução. Provavelmente não será necessário, mas desejamos ser positivos. No caso de ele não aparecer, não precisa preocupar-se."
- Estou certo de que ele aparecerá.
Allen riu-se baixinho:
- Vinte e quatro horas. É como uma bomba de relógio. Mesmo que ele descobrisse o que se passa não há antídoto para o veneno.
- Agradeço ter-me telefonado - respondeu James.
- Muito bem - disse Allen. - Boa noite Mr. James."
Incluído Em "A revolta das máquinas / 1", Colecção Argonauta.
domingo, 15 de janeiro de 2017
Como governar o mundo em 140 caracteres
Zebatinsky foi ao numerologista. Quem sabe o que este diria? Não tinha nada a perder. A partir desse momento passou a chamar-se Sebatinsky. Alteração mínima, de uma única letra, no seu nome. Que desencadeou uma cadeia de mudanças. E uma guerra nuclear foi evitada. Obra de um par de extraterrestres, entretidos a apostar sobre o planeta Terra, e em como era possível produzir um macro-efeito a partir de um micro-estímulo. Estávamos em 1958, e num futuro distante na imaginação de Isaac Asimov, no conto "Escreva o seu nome com um S".
Estamos em 2017 e esse futuro ainda não chegou. Uma letra não é suficiente para mudar o mundo. Mas cada vez são precisas menos letras. 140 caracteres podem bem ser suficentes. É o tamanho de cada twitter, que pode ser traduzido por chilrear.
Parece pouco, e talvez seja pouco, quase nada ou mesmo nada.
And yet ... canta Sting.
No entanto cada chilreio dá instantaneamente a volta ao mundo, ao mundo ligado por redes, que não é todo, mas que é cada vez mais. E é repetido. E é comentado. E passa a ser notícia. E passa a dominar a notícia. Como um eco aumentado, sem distorção nem atenuação. Como uma bola de neve que passa a avalanche. Como uma avalanche ensurdecedora que engole os outros sons. E que só se cala quando começa a avalanche seguinte.
And yet ...
No entanto o mundo reage. Ações sobem ou descem. Países sobressaltam-se. Como se tudo fosse sério. Como se tudo fosse importante. Porque tem intenção. Porque se pode materializar. Porque vem de gente com poder. Porque vem do topo da cadeia alimentar. Porque há muitos botões, na política, na economia, e no nuclear. Não é sério, mas é a sério. É uma nova maneira de comunicar. Agitar. Sem diálogo, Sem contraditório. Sem verificação. Sancionada pela comunicação social, que a usa e abusa como matéria-prima. Sancionada pelos comentadores que fazem disso modo de vida. Sancionada por nós, consumidores e reprodutores de informação rápida. Tantas vezes sem reflexão. Porque confirma as nossas crenças. Porque se busca o confronto. Porque nos sentimos obrigados a reagir imediatamente. Porque isso prova a nossa participação nesta realidade mais ou menos virtual.
Que se prova, mastiga e deita fora ... cantavam os Taxi.
E que é complementada, ao vivo e a cores, pela vozearia, pela gritaria, por falar por cima, por calar os outros, por mandar calar. Saltando de ruído em ruído. Provocando a surdez. Funcionando em círculo fechado. Distraindo. Fazendo com que as atenções fiquem na forma, no incidente. Criando acidentes. Anunciando desastres. "Nós" e os outros, que são obstáculos, ou inimigos.
"If you're tired of arguing with strangers on the internet, try to talk with one in real life", disse o Presidente cessante, Barack Obama.
Lidera-se pelo exemplo. Dizem. Nada abona em favor dos seguidores. Gostaria de pensar que foi apenas o resultado da falta de boas alternativas. Não foi. Há demasiadas evidências, em muitos lugares, em demasiados lugares, de ambos os lados do Atlântico, em países pacatos ou em países conturbados, na política ou no resto do dia-a-dia, que mostram que este é o modo escolhido por muitos. Infelizmente.
Mas não vale tudo. Não pode valer tudo. É preciso afirmar outros valores. Todos os dias. Sempre!
Estamos em 2017 e esse futuro ainda não chegou. Uma letra não é suficiente para mudar o mundo. Mas cada vez são precisas menos letras. 140 caracteres podem bem ser suficentes. É o tamanho de cada twitter, que pode ser traduzido por chilrear.
Parece pouco, e talvez seja pouco, quase nada ou mesmo nada.
And yet ... canta Sting.
No entanto cada chilreio dá instantaneamente a volta ao mundo, ao mundo ligado por redes, que não é todo, mas que é cada vez mais. E é repetido. E é comentado. E passa a ser notícia. E passa a dominar a notícia. Como um eco aumentado, sem distorção nem atenuação. Como uma bola de neve que passa a avalanche. Como uma avalanche ensurdecedora que engole os outros sons. E que só se cala quando começa a avalanche seguinte.
And yet ...
No entanto o mundo reage. Ações sobem ou descem. Países sobressaltam-se. Como se tudo fosse sério. Como se tudo fosse importante. Porque tem intenção. Porque se pode materializar. Porque vem de gente com poder. Porque vem do topo da cadeia alimentar. Porque há muitos botões, na política, na economia, e no nuclear. Não é sério, mas é a sério. É uma nova maneira de comunicar. Agitar. Sem diálogo, Sem contraditório. Sem verificação. Sancionada pela comunicação social, que a usa e abusa como matéria-prima. Sancionada pelos comentadores que fazem disso modo de vida. Sancionada por nós, consumidores e reprodutores de informação rápida. Tantas vezes sem reflexão. Porque confirma as nossas crenças. Porque se busca o confronto. Porque nos sentimos obrigados a reagir imediatamente. Porque isso prova a nossa participação nesta realidade mais ou menos virtual.
Que se prova, mastiga e deita fora ... cantavam os Taxi.
E que é complementada, ao vivo e a cores, pela vozearia, pela gritaria, por falar por cima, por calar os outros, por mandar calar. Saltando de ruído em ruído. Provocando a surdez. Funcionando em círculo fechado. Distraindo. Fazendo com que as atenções fiquem na forma, no incidente. Criando acidentes. Anunciando desastres. "Nós" e os outros, que são obstáculos, ou inimigos.
"If you're tired of arguing with strangers on the internet, try to talk with one in real life", disse o Presidente cessante, Barack Obama.
Lidera-se pelo exemplo. Dizem. Nada abona em favor dos seguidores. Gostaria de pensar que foi apenas o resultado da falta de boas alternativas. Não foi. Há demasiadas evidências, em muitos lugares, em demasiados lugares, de ambos os lados do Atlântico, em países pacatos ou em países conturbados, na política ou no resto do dia-a-dia, que mostram que este é o modo escolhido por muitos. Infelizmente.
Mas não vale tudo. Não pode valer tudo. É preciso afirmar outros valores. Todos os dias. Sempre!
Dreaming Dreams
Across the world.
Looking outside to better view inside.
Posts based upon Mottos, Reflections, Plans and Actions from Universities around the World.
"Aiming High, Dreaming Dreams. and Working with Passion and Integrity"
Pohang University of Science and Technology, South Korea.
One of the leads at http://epresident.postech.ac.kr/web/epresident/home
Looking outside to better view inside.
Posts based upon Mottos, Reflections, Plans and Actions from Universities around the World.
"Aiming High, Dreaming Dreams. and Working with Passion and Integrity"
Pohang University of Science and Technology, South Korea.
One of the leads at http://epresident.postech.ac.kr/web/epresident/home
quarta-feira, 11 de janeiro de 2017
Ordinary people
"This is where I learned that change only happens when ordinary people get involved, and they get engaged, and they come together to demand it."
(...)
"And all of this depends on our participation; on each of us accepting the responsibility of citizenship, regardless of which way the pendulum of power swings. Our Constitution is a remarkable, beautiful gift. But it’s really just a piece of parchment. It has no power on its own. We, the people, give it power – with our participation, and the choices we make. Whether or not we stand up for our freedoms. Whether or not we respect and enforce the rule of law."
(...)
"It falls to each of us to be those anxious, jealous guardians of our democracy; to embrace the joyous task we’ve been given to continually try to improve this great nation of ours. Because for all our outward differences, we all share the same proud title: Citizen. Ultimately, that’s what our democracy demands. It needs you. Not just when there’s an election, not just when your own narrow interest is at stake, but over the full span of a lifetime."
(...)
"I am asking you to believe. Not in my ability to bring about change – but in yours."
(...)
"Yes we can"
Barack Obama, Farewell speech, 10 january
http://www.telegraph.co.uk/news/2017/01/11/barack-obamas-farewell-speech-full/
(...)
"And all of this depends on our participation; on each of us accepting the responsibility of citizenship, regardless of which way the pendulum of power swings. Our Constitution is a remarkable, beautiful gift. But it’s really just a piece of parchment. It has no power on its own. We, the people, give it power – with our participation, and the choices we make. Whether or not we stand up for our freedoms. Whether or not we respect and enforce the rule of law."
(...)
"It falls to each of us to be those anxious, jealous guardians of our democracy; to embrace the joyous task we’ve been given to continually try to improve this great nation of ours. Because for all our outward differences, we all share the same proud title: Citizen. Ultimately, that’s what our democracy demands. It needs you. Not just when there’s an election, not just when your own narrow interest is at stake, but over the full span of a lifetime."
(...)
"I am asking you to believe. Not in my ability to bring about change – but in yours."
(...)
"Yes we can"
Barack Obama, Farewell speech, 10 january
http://www.telegraph.co.uk/news/2017/01/11/barack-obamas-farewell-speech-full/
terça-feira, 10 de janeiro de 2017
Escolher
Escolher é bom.
Escolher precisa de plural.
Escolher carece de alternativas.
2016 e 2017 marcam um novo ciclo eleitoral, o terceiro, para os Conselhos Gerais das Universidades Públicas. Este é o órgão máximo de governo, instituído em 2007 pelo Regime Jurídico das Instituições de Ensino Superior. Sendo de pequena dimensão, quando comparado com os grandes colégios que anteriormente presidiam aos destinos das universidades, incumbe-lhe, entre outras competências, aprovar alterações aos estatutos, eleger o reitor, aprovar orientações estratégicas, planos, orçamentos e relatórios de contas, fixar propinas.
As alternativas que se apresentarem a estas eleições, no conteúdo, na forma e no número, são um bom indicador da vitalidade das universidades, da existência de diversidade de pensamento, da abertura para a discussão, da transparência de posições, da disponibilidade para contribuir.
Em 2016 realizaram-se já cinco processos eleitorais: Beira Interior, Coimbra, Évora, Madeira e Trás-os-Montes e Alto Douro. Em quase todos houve escolha entre diferentes listas de docentes e investigadores. Em quase todos houve escolha entre diferentes listas de estudantes. Em todos houve escolha entre diferentes listas de não docentes e não investigadores.
Quase significa que não foi em todos. Houve também a opção de não haver escolhas, traduzida em lista única. Unanimismo? Conformismo? Desinteresse? Indisponibilidade? Receio? Taticismo? Dependerá de cada realidade, tanto nestas eleições, como em outras, passadas. A justificação, qualquer que seja, não será boa, quando tal ocorre numa comunidade de vários milhares de pessoas.
Ao longo do ano decorrerão eleições noutras universidades.
Vamos vendo.
Continua.
Escolher precisa de plural.
Escolher carece de alternativas.
2016 e 2017 marcam um novo ciclo eleitoral, o terceiro, para os Conselhos Gerais das Universidades Públicas. Este é o órgão máximo de governo, instituído em 2007 pelo Regime Jurídico das Instituições de Ensino Superior. Sendo de pequena dimensão, quando comparado com os grandes colégios que anteriormente presidiam aos destinos das universidades, incumbe-lhe, entre outras competências, aprovar alterações aos estatutos, eleger o reitor, aprovar orientações estratégicas, planos, orçamentos e relatórios de contas, fixar propinas.
As alternativas que se apresentarem a estas eleições, no conteúdo, na forma e no número, são um bom indicador da vitalidade das universidades, da existência de diversidade de pensamento, da abertura para a discussão, da transparência de posições, da disponibilidade para contribuir.
Em 2016 realizaram-se já cinco processos eleitorais: Beira Interior, Coimbra, Évora, Madeira e Trás-os-Montes e Alto Douro. Em quase todos houve escolha entre diferentes listas de docentes e investigadores. Em quase todos houve escolha entre diferentes listas de estudantes. Em todos houve escolha entre diferentes listas de não docentes e não investigadores.
Quase significa que não foi em todos. Houve também a opção de não haver escolhas, traduzida em lista única. Unanimismo? Conformismo? Desinteresse? Indisponibilidade? Receio? Taticismo? Dependerá de cada realidade, tanto nestas eleições, como em outras, passadas. A justificação, qualquer que seja, não será boa, quando tal ocorre numa comunidade de vários milhares de pessoas.
Ao longo do ano decorrerão eleições noutras universidades.
Vamos vendo.
Continua.
domingo, 8 de janeiro de 2017
Critic and conscience of society, from down under
Across the world.
Looking outside to better view inside.
Posts based upon Mottos, Reflections, Plans and Actions from Universities around the World.
"In recommending (...) that a body should be established as a college of education, a polytechnic, a specialist college, a university, or a wananga, the Minister shall take into account—
(a) that universities have all the following characteristics and other tertiary institutions have 1 or more of those characteristics:
(i) they are primarily concerned with more advanced learning, the principal aim being to develop intellectual independence:
(ii) their research and teaching are closely interdependent and most of their teaching is done by people who are active in advancing knowledge:
(iii) they meet international standards of research and teaching:
(iv) they are a repository of knowledge and expertise:
(v) they accept a role as critic and conscience of society;"
In New Zealand Education Act (1989)
http://www.legislation.govt.nz/act/public/1989/0080/latest/096be8ed81430a59.pdf
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"In recommending (...) that a body should be established as a college of education, a polytechnic, a specialist college, a university, or a wananga, the Minister shall take into account—
(a) that universities have all the following characteristics and other tertiary institutions have 1 or more of those characteristics:
(i) they are primarily concerned with more advanced learning, the principal aim being to develop intellectual independence:
(ii) their research and teaching are closely interdependent and most of their teaching is done by people who are active in advancing knowledge:
(iii) they meet international standards of research and teaching:
(iv) they are a repository of knowledge and expertise:
(v) they accept a role as critic and conscience of society;"
In New Zealand Education Act (1989)
http://www.legislation.govt.nz/act/public/1989/0080/latest/096be8ed81430a59.pdf
quarta-feira, 4 de janeiro de 2017
Ao serviço da democracia
Servir a democracia.
Servir os eleitos.
Assumir o papel.
Sem medos.
Sem rodeios.
Para fazer a diferença.
Sim, é possível.
Sim, é necessário.
Aqui fica, sem mais comentários,
"I hope you will continue to challenge ill-founded arguments and muddled thinking and that you will never be afraid to speak the truth to those in power. I hope that you will support each other in those difficult moments where you have to deliver messages that are disagreeable to those who need to hear them. I hope that you will continue to be interested in the views of others, even where you disagree with them, and in understanding why others act and think in the way that they do. I hope that you will always provide the best advice and counsel you can to the politicians that our people have elected, and be proud of the essential role we play in the service of a great democracy.”
Sir Ivan Rogers, em mensagem dirigida ao pessoal, ao resignar do cargo de Embaixador Britânico na União Europeia.
Mensagem completa em: https://www.theguardian.com/politics/2017/jan/04/quote-sir-ivan-rogers-resignation-eu-brexit-email-in-full
Servir os eleitos.
Assumir o papel.
Sem medos.
Sem rodeios.
Para fazer a diferença.
Sim, é possível.
Sim, é necessário.
Aqui fica, sem mais comentários,
"I hope you will continue to challenge ill-founded arguments and muddled thinking and that you will never be afraid to speak the truth to those in power. I hope that you will support each other in those difficult moments where you have to deliver messages that are disagreeable to those who need to hear them. I hope that you will continue to be interested in the views of others, even where you disagree with them, and in understanding why others act and think in the way that they do. I hope that you will always provide the best advice and counsel you can to the politicians that our people have elected, and be proud of the essential role we play in the service of a great democracy.”
Sir Ivan Rogers, em mensagem dirigida ao pessoal, ao resignar do cargo de Embaixador Britânico na União Europeia.
Mensagem completa em: https://www.theguardian.com/politics/2017/jan/04/quote-sir-ivan-rogers-resignation-eu-brexit-email-in-full
segunda-feira, 2 de janeiro de 2017
The questions that truly matter
Across the world.
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"Who is the University for? What benefits do we offer in the 21st century? These are the questions that truly matter, and they should not be separated from discussions of cost, funding, expansion or change."
Keith Burnett, Vice-Chancellor of the University of Sheffield
in "Our University. Our Future. Our Plan."
https://www.sheffield.ac.uk/ourplan/wp-content/uploads/2015/12/TUOS-Strategic-Plan.pdf
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"Who is the University for? What benefits do we offer in the 21st century? These are the questions that truly matter, and they should not be separated from discussions of cost, funding, expansion or change."
Keith Burnett, Vice-Chancellor of the University of Sheffield
in "Our University. Our Future. Our Plan."
https://www.sheffield.ac.uk/ourplan/wp-content/uploads/2015/12/TUOS-Strategic-Plan.pdf
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