quinta-feira, 22 de março de 2018

As(simetrias) publicadas









Em versão sintética, publicada hoje, no jornal Público, nas Cartas ao Diretor.
https://www.publico.pt/2018/03/22/opiniao/opiniao/cartas-ao-director-1807550

Assimetrias em contexto

O Ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior defende que existe uma concentração excessiva de estudantes em Lisboa e Porto, onde estão quase metade dos que estudam no ensino superior público. O argumento é ilustrado com o exemplo da Áustria, apontado como o segundo país com maior concentração de estudantes em apenas duas cidades, Viena e Innsbruck, com 31%, e da vizinha Espanha, com 27% em Madrid e Catalunha. Concluindo, assim, pela singularidade de Portugal e consequente necessidade de rectificação. Sem mais.

Mas olhemos para o panorama mais global da distribuição populacional nestes três países. As províncias de Viena e Tirol, onde se situa Innsbruck, representam 30% da população austríaca. Valor semelhante se obtém para o peso da Comunidade de Madrid e da Catalunha, em Espanha. Em Portugal, as Áreas Metropolitanas de Lisboa e Porto acolhem cerca de 44% da população; e se somarmos ainda uma parte dos residentes nos distritos de Leiria e Santarém, que não contam com universidades públicas, não estaremos longe, ou talvez até mesmo para lá, dos 50%. Em todos estes casos, a concentração de estudantes assemelha-se à da população em geral. Sim, deste ponto de vista Portugal será o mais bipolar, em sentido literal e até figurado. Mas não me parece que a redistribuição de 1100 vagas, o valor em causa, tenha qualquer impacto neste estado de coisas.

Miguel Conceição, Aveiro

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