quinta-feira, 1 de outubro de 2015

O meu voto

No dia 4 de outubro vou votar. Não considero a abstenção, até porque não ficarão cadeiras vazias no Parlamento. Não vou votar para escolher um Governo, porque nenhum candidato apresentou a sua futura equipa. Não vou votar, sequer, para escolher um Primeiro-Ministro: porque essa escolha não consta do boletim de voto; porque isso depende de todos os votos e do método de apuramento de deputados; porque depende da leitura do Presidente da República e, eventualmente, da capacidade de estabelecimento de alianças sobre as quais não me pronunciei. Não vou votar num programa: porque nenhum representa totalmente as minhas opções; porque muitas questões estão omissas; porque outras são, simplesmente, mal abordadas. Vou votar, tendo à escolha listas de candidatos, mas não podendo escolher, individualmente, cada um deles. Vou votar, podendo escolher deputados que terão a responsabilidade de legislar sobre todas as matérias exceto as que se referem à organização e funcionamento do Governo; deputados que serão os únicos a poder legislar sobre eleições, partidos políticos, orçamento de Estado, referendo, bases gerais do ensino e defesa nacional; deputados que podem alterar a Constituição, e aos quais cumpre zelar pelo seu cumprimento e pelo das leis; deputados que apreciarão os atos do Governo e da Administração. Ser deputado é assumir uma função crítica que nos influenciará a todos; função que requer, não um mero número numa qualquer bandeira, mas sim pessoas críticas. É isto que, democraticamente, está em causa.

1 comentário:

Antunes Pereira disse...

"Democracy is the worst form of govern, except for all the others". W. Churchill (House of Com­mons, 11 Novem­ber 1947).

Só há uma política verdadeira, Miguel : "LIBERDADE, IGUALDADE, FRATERNIDADE". (Infelizmente, a Fraternidade é uma porta que só se pode abrir por dentro).