2017. Agosto. Este ano, como poderia ser outro. As Universidades entram em hibernação. Sim, são criaturas que hibernam no Verão, como é sabido. Os estudantes, antecipando-se, na sua pressa, haviam já iniciado o fluxo migratório, à medida que acabava o último exame, o último trabalho, a finalização de uma tese. De volta ao ninho ou a outras paragens. Em setembro farão o percurso inverso. Menos alguns que terão acabado o percurso. Mais alguns que irão começar um novo caminho.
2017. Agosto. Este ano, como poderia ser outro. Os docentes entram num período de maior flexibilidade, em que os prazos são outros, que não os das aulas e avaliações. Tempo para artigos e livros, conferências e viagens, projetos novos ou antigos, preparação de uma nova cadeira ou reparação da cadeira habitual. E para férias, também. Em quase todos os serviços é tempo de pausa, apagam-se as luzes, desligam-se os computadores e fecham-se as portas, por pelo menos um par de semanas.
2017. Agosto. Salas vazias. Corredores quase desertos. O silêncio ganha o espaço que tantas vezes lhe falta. O silêncio instala-se, confortavelmente. Nas cadeiras e gabinetes. Estendendo-se nos laboratórios. Vagueando por entre livros fechados, cheios de palavras também elas silenciosas.
2017. Agosto. Ainda e sempre ficam alguns irredutíveis, por opção ou por obrigação. Porque há coisas que não podem parar. Porque às vezes é a melhor altura para trabalhar.
2017. Agosto. Este ano como poderia ser outro. É altura de preparar o orçamento para o ano seguinte. Instruções vindas de cima, de baixo ou do centro, consoante a perspetiva. Sempre iguais, mas sempre diferentes. Contas de somar e de sumir. Receitas e despesas. Certas e incertas. Um fato que nunca parece estar à medida, efeito dos excessos e das dietas. Um orçamento provisório, para juntar a muitos outros. Para ser negociado e alterado. Para ser entregue na Assembleia da República. Para ser negociado e alterado. Para ser aprovado. Para ser executado.
(continua)
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