Grécia, Irlanda, Portugal
Espirros, doenças, doenças crónicas, contágios. Cura certa parece ainda não haver, nem vacinas. Fatalidades também não, felizmente. Para quem não se preveniu, evitando comportamentos de risco, aplicam-se transfusões, medidas em milhões de euros.
Dizem que são todos casos diferentes. Mas parece que os mercados, essas estirpes que de um dia para o outro se tornaram maléficas, mutagénicas e resistentes, são imunes à virtude da diferença. Permanentemente insatisfeitos procuram sem cessar um novo hospedeiro.
Na Grécia martelavam-se estatísticas, ocultando problemas mais profundos; aperte-se o cinto e reponha-se verdade. Na Irlanda falharam os bancos, e em grande; injecte-se dinheiro, aperte-se o cinto para pagar a factura e a produção do tigre celta deverá permitir a retoma.
E em Portugal? Aqui parece que é a economia que não funciona ... há já uma década ... muito antes portanto da crise financeira internacional. O problema é, por isso, mais grave. E a actuação errática: aperte-se o cinto; alargue-se um pouco; volte-se a apertar; não é preciso fazer mais nada porque estamos pouco expostos; o nosso património genético permitirá uma recuperação mais rápida do que a de qualquer gaulês ou germano; afinal talvez seja melhor voltar a apertar; se os outros apertam nós apertamos também. E o défice, qual cancro, não ajuda e ganha vida própria, crescendo quando menos se espera, mesmo depois de tratamentos de choque e de previsões de melhoria. Os curandeiros de serviço continuam a apregoar as suas capacidades de erradicar qualquer doença; detentores do conhecimento recusam, por princípio, a conjugação de esforços e de qualquer medicina alternativa vinda de outra tribo, indígena ou forasteira.
É aqui que as estrofes de três cantautores lusos, Jorge Palma, Sérgio Godinho e Pedro Abrunhosa, ganham novo sentido: são 7 da tarde, está-se tudo a passar, e vem-me à memória uma frase batida: vamos fazer o que ainda não foi feito!
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