Nunca compreendi a disciplina de voto a que os deputados se sujeitam, abdicando assim de exprimir posições próprias, como se, nas mais variadas matérias em discussão, cada partido defendesse uma única via e qualquer divergência fosse um grave delito.
Esta metamorfose de deputados em meros números, que para efeitos de votação e aumento de eficiência requereria apenas um representante de cada partido e a placa com o número correspondente de deputados, empobrece a actividade parlamentar e não dignifica os próprios.
Situação que pode ser confortável para uns, permitindo-lhes escudar-se atrás de decisões tomadas nos distantes corredores das cúpulas partidárias; mas que será certamente desconfortável para outros, motivando conflitos interiores, declarações de voto ou estratégicas ausências do hemiciclo nos momentos de votação.
Concordo por isso com a intenção do novo líder do PS, António José Seguro, de introduzir "a liberdade de voto como regra da acção dos deputados do PS na Assembleia da República", retirando assim os grilhões formais à actuação individual. Sobre os grilhões mentais cada um responderá por si e, mesmo isso, já será um ganho significativo.
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