domingo, 23 de junho de 2013

Desintoxicação, precisa-se!

O Jornal de Negócios noticiou, ontem, que o Governo "está a preparar uma proposta de lei prevendo benefícios fiscais para as empresas que empreguem doutorados e mantenham no país cientistas nacionais."

Há pouco mais de um ano, a Assembleia da República recomedou ao Governo que adotasse um conjunto de medidas para estimular o empreendedorismo jovem (recomendação 58/2012 de 30 de março), com 21 pontos onde se inclui:
- linhas de crédito bonificadas;
- a valorização do papel desempenhado pelos business angels, criando incentivos...;
- o estímulo a uma bolsa de tutores que acompanhem as iniciativas, de forma gratuita...;
- a afetação de recitas próprias das instituições de ensino superior (!) para apoio a spin-offs;
- a criação de uma bolsa de empreendedores a nível europeu;
- uma plataforma de partilhas de ideias e projetos;
- a promoção de políticas municipais neste domínio;

E em muitas outras áreas, como nestas, reclama-se sempre mais um estímulo. Para determinadas empresas fará todo o sentido empregar doutorados; será uma questão estratégica mesmo ou até de sobrevivência. Mas sem estímulo ...

Empreender - fazer - tem um risco; mas há quem acredite que possa eliminar o risco e criar, sem dor, o novo Homo imprenditoris: treinado desde o ensino básico ao superior, através de cursos variado cobirndo todas as fases possíveis e imaginárias do processo, ações de atualização, linhas de financiamento, bolsas, incubadoras e toda uma parafernália de instrumentos. O novo jovem Empreendedor pode passar a vida, dos 10 aos 25 anos, ou aos 30, ou aos 35, ou a qualquer outra idade, sem nunca ter estado verdadeiramente só ...

O estímulo é (quase) tudo! Para exportar e para importar; para semear e para colher; para fazer mais projetos; para escolher o mar, o espaço ou as profundezas da terra; para investir nas cidades ou no rural; para andar ou para estar parado.

O corpo - os corpos, singulares ou corporativos - estão dependentes do eterno estímulo, e vivem em ressaca quando ele cessa; e assim ficam, entre a prostração e a irritação, até à chegada da droga de última geração, vinda da Europa, de África ou da Ásia.

Desintoxicação, precisa-se!

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