Emissão do Click de 20 de julho, na Antena 1 (http://www.rtp.pt/play/p384/e123922/click).
A fixação de vagas para acesso ao Ensino Superior contou, este ano, com uma nova regra: o Governo impos uma redução de vagas para os cursos em que o número de inscritos nos centros de emprego é superior à média nacional, quando considerados os últimos 5 anos e o número de diplomados.
Esta relação emprego / vagas é, à primeira vista, atrativa; transmite uma mensagem simples, e confortável, de adequação entre formação e perspetiva de emprego. Mas, ao contrário do que possa parecer, não só não é razoável, uma vez que os níveis de emprego são condicionados por inúmeros factores, como não representa uma visão de futuro. Diria mesmo: é passado, é fechado, é negativo e é errado.
Passado porque um elevado desemprego nos últimos 5 anos, num período que se inicia, portanto, em 2008, e para o qual nem sequer são analisadas as tendências de evolução, nada nos diz sobre o futuro; sobre um futuro que, para os atuais candidatos se pode situar apenas em 2018-2020, altura em que provavelmente estarão a entrar no mercado de trabalho, como mestres.
Fechado porque traduz um olhar confinado, que não vê para lá das nossas extintas fronteiras. Considerando que apenas devemos formar para o emprego que o País oferece, em cada momento. Ignorando que o mundo mudou e que as pessoas e os empregos têm uma elevada mobilidade. Esquecendo que a globalização é uma via com dois sentidos. E que temos a obrigação de dar as melhores oportunidades a cada estudante. Isto independentemente do percurso que venham a seguir, em Portugal ou no Mundo, e que pode mesmo vir a ser semelhante ao de muitos desportistas, artistas ou gestores de eleição, que nos habituámos a referir, não como fuga de talentos, mas como casos de sucesso e de afirmação nacional.
Negativo porque o critério utilizado é o desemprego e não o emprego; a falta de atividade e não o percurso de trabalho, esse sim, mais revelador sobre a valia da formação; ataca-se um sintoma sem atender à condição geral; liga-se à circunstância e não à estrutura.
E, por último, errado, porque induz a subordinação da formação ao emprego imediato.
"Se uma pessoa domina os fundamentos da sua disciplina e aprendeu a pensar e a trabalhar de forma independente, acabará certamente por encontrar o seu caminho, além de que terá mais facilidade em adaptar-se ao progresso e às mudanças do que uma pessoa cujo treino consistiu principalmente na aquisição de conhecimentos circunstanciais.". Quem o disse foi Albert Einstein.
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