sexta-feira, 1 de junho de 2012

Alienação

A nossa envolvente muda muito rapidamente: as roupas, os objetos, as paisagens construídas e destruídas, a maneira de fazer memória. Talvez por isso tenhamos a tendência a acreditar que a história, as histórias, não se repetem; que as circunstâncias de um tempo são diferentes das de outro tempo, e que isso faz toda a diferença; que o conhecimento e a capacidade de hoje levará a soluções distintas; que hoje somos os protagonistas. Mas o Homem, na sua essência, não muda a esta velocidade. Os contos revivem sentimentos já contados, ainda que envolvidos noutros cenários. E, também por isso, vale a pena ler escritos do passado, onde, por vezes, nos cruzamos com o presente.

Tudo isto a propósito de um texto que hoje li, e que acabou de fazer 40 anos. 1972 era um outro mundo, em plena guerra fria entre os EUA e a já desaparecida União das Repúblicas Socialistas Soviéticas; antes do choque petrolífero de 73, do 25 de abril de 74 ou do acidente nuclear de Three Mile Island; a gasolina tinha chumbo e o homem abandonava, nesse mesmo ano, os voos espaciais em direção à Lua; o computador pessoal, a internet e os dispositivos de comunicação pessoal eram ainda sonhos.

Foi nesse outro mundo que James Reid se dirigiu à Universidade de Glasgow, começando com estas palavras: "Alienation is the precise and correct word for describing the major social problem in Britain today. People feel alienated by society. In some intellectual circles it is treated almost as a new phenomenon. It has, however, been with us for years. What I believe to be true is that today it is more widespread, more pervasive than ever before. Let me right at the outset define what I mean by alienation. It is the cry of men who feel themselves the victims of blind economic forces beyond their control. It is the frustration of ordinary people excluded from the process of decision making. The feeling of despair and hopelessness that pervades people who feel with justification that they have no real say in shaping or determining their own destinies."

E continua, com muito mais para dizer, sobre a organização da sociedade, a atenção aos outros, o papel do ensino, o emprego e o desemprego. Vale a pena ler (www.gla.ac.uk/media/media_167194_en.pdf) até porque, afinal, o Homem não mudou assim tanto desde 1972.

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