No sábado, o Público trouxe mais um artigo de Pacheco Pereira, intitulado "Ajustamentos", em que, entres outros aspetos, refletia sobre o uso da linguagem na política, sobre o significado da escolha de palavras e sobre as ideologias. Neste caso sobre a agora omnipresente palavra - ajustamento. Recomendo a leitura.
António Nóvoa, no discurso de 10 de junho, refiriu-se às palavras como meio de "ajudar a pensar, a conversar, a tomar consciência". Orwell, em "1984", apresentava a linguagem como instrumento de manipulação, através do uso deliberado de determinados termos e da supressão de outros. Ambos os usos coexistem.
No Público de hoje foi a vez de ler Bagão Félix, em artigo intitulado "Indigência Moral" e do qual retirei o título para esta entrada de blog. Uma reflexão sobre o papel das elites, as organizações, a relativização de tudo, a diferença entre comportamentos legais e comportamentos éticos. Um pequeno extrato de um artigo para pensar: "Também a linguagem tem sido sujeita a uma anestesia ou mudez moral que favorece o relativismo ético. Hoje o mentiroso não mente. Diz inverdades. Certas fraudes já não o são. Foram promovidas tecnocraticamente a imparidades.Um conflito de interesse até pode não o ser. Diz-se, então, que cria sinergias. A batota depende do batoteiro. A ética do esforço conta menos. Vale mais a esperteza arrivista. O valor da exactidão esvazia-se. O que conta é o calculismo da inexactidão. A flexibilidade é a palavra de ordem para tudo, até mesmo para o caráter e conduta moral. A iconografia do sucesso, mesmo que aparente, substitui a iconografia dos valores, mesmo que imprescindíveis."
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