O comunicado do Presidente do CDS, hoje divulgado, é mais uma peça bizarra do teatro político que preenche os dias. O próprio facto de existir, em lugar de Paulo Portas proferir umas simples afirmações à comunicação social é, por si só, um elemento a reter. Claro que entrevistas podem sempre implicar perguntas incómodas, ou deixar transparecer emoções e contradições. Por outro lado é de crer que cada palavra, num texto escrito nesta situação, terá o seu peso. E é preciso ver também quem será o destinatário das mensagens.
Começa por afirmar que "O CDS votará o Orçamento de Estado considerando que Portugal não pode ter uma crise política ...".O CDS votará, como não poderia deixar de ser! Mas o próprio presidente do partido não usa o termo "aprovará", que seria, sem dúvida, mais forte e inequívoco.
Depois temos uma daquelas frases, recorrentes e supostamente grandiloquentes, que os políticos gostam de usar: "Face a este quadro de referência o CDS deve colocar acima de tudo o seu dever de responsabilidade perante o País". Mas o que revela, de facto, é que apenas um quadro dramático leva a que o País venha em primeiro lugar... E se lida em conjunto com o ponto final do comunicado, "O CDS deve estar à altura das circunstâncias.", repetindo a palavra "deve" não dá como adquirida a posição, a escolha, a atitude, a capacidade do seu próprio partido.
Quem é o(s) destinatário(s). O parceiro de coligação? Os deputados-do-CDS-que-criticam-e-não aplaudem? Ou o vento que ajuda a acreditar que se pode passar entre os pingos da chuva?
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