segunda-feira, 13 de fevereiro de 2017

Vozes e Silêncios

Lido num artigo, a propósito de poder e comportamento, verdade e mentira, o papel dos jornalistas, ações e consequências. Na América dos nossos dias. Ao mais alto nível. Mas que poderia ser transposto para outros níveis e locais, por este mundo fora. Transposto, sem sombra de dúvidas, para outros tempos, tempo passado, tempo presente e tempo futuro.

"In the life of every honorable man there comes a difficult moment, General, when the simple statement "this is black and that is white", requires paying a high price."

Em busca do autor, da obra e do seu contexto, fui parar à Polónia do início dos anos 80. Ainda a Polónia dos Generais. Quando na Europa os muros eram outros, à espera de serem derrubados, e a guerra era fria. Lembro-me das notícias que chegavam. Estaleiros navais Lenine, em Gdansk. Lech Walesa e o movimento Solidariedade. Um papa polaco, João Paulo II. Moscovo. Resistência e Lei Marcial. 1981. Saindo das memórias fui, pela pena de Adam Michnik, até uma cela de prisão, em Varsóvia, e à carta, que viria a integrar a obra "Letters from the prison and other essays". A voz escrita continua:

"It may cost one one's life on the slopes of the Citadel, behind the wire fence of Sachsenhausen, behind the bars of Mokotów prison. At such a time, General, a decent man's concern is not the price he will have to pay but the certainty that white is white and black is black. One needs a conscience to determine this."

De volta ao presente, e à América de 2017, refletia o articulista, no seu contexto de ocidente democrático, sobre o pequeno preço a pagar pelo dever cívico e profissional em insistir na verdade e em desmentir a falsidade (http://nymag.com/daily/intelligencer/2017/02/andrew-sullivan-the-madness-of-king-donald.html).

Dever cívico e profissional que que não se restringe aos jornalistas.

Vozes e Silêncios.

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