sábado, 7 de março de 2020

Doze Anos, Doze Dias - 2012

Photo by Siora Photography on Unsplash











Dia 5.
Cruzando leituras e reflexões sobre a sociedade.
Sobre informação abundante, fragmentada, talvez excessiva.
A requerer esforço para que tenha sentido, para dela fazer sentido.
A exigir cada vez mais tempo ao nosso tempo.


Três coisas, mais uma.
14 de julho de 2012

"Faltam três coisas. [...] Número um, como disse: qualidade de informação. Número dois: horas livres para a digerirmos. E número três:o direito de realizarmos acções baseadas naquilo que aprendemos da interacção das duas primeiras."

A primeira, paradoxalmente, nesta era da informação, é, desde logo, difícil de obter. Estamos rodeados por muita informação, por pedaços de informação, mais ou menos mastigados, mais ou menos repetidos, competindo uns com os outros por ocupar o espaço na nossa mente. E estamos também rodeados por muita distração, disfarçada de informação, até porque o controlo desta é uma arma estratégica. É, pois, necessário adotar uma atitude ativa de procurar informação de qualidade, separar o essencial do acessório, os cabeçalhos do verdadeiro conteúdo, a leitura de um resumo pela leitura do texto.

A segunda coisa também não é trivial: horas livres para digerir a informação. Condicionados pela pressão da urgência em que se transformou o dia-a-dia, e pela busca de algum lazer, quando tal é possível, vamos deixando a informação acumular-se. Absorvemos pequenas porções, que depois repetimos, mas não chegamos a "grocar", usando a palavra criada pelo escritor de ficção científica Robert Heinlen, com o sentido de plena compreensão.

E, a terceira coisa, agir com base em informação de qualidade e adequadamente digerida. Passar dos pensamentos aos atos. Intervir em vez de delegar. Fazer em vez de esperar que outros façam.

A estas três coisas acrescento mais uma: o direito de discutir e de discordar, sem censuras impostas ou auto-impostas, sem um coro de pensamentos únicos e de caminhos ditos "inevitáveis."

A frase inicial é retirada de uma história sobre um mundo em que as pessoas eram mantidas alienadas, supostamente felizes, e em qualquer elemento suscetível de introduzir desconforto deveria ser eliminado. Uma história na qual os livros foram banidos e os écras tomavam conta das salas de estar. Uma história na qual os bombeiros incendiavam casas e livros. Um livro escrito em 1953: Fahrenheit 451, por Ray Bradbury.