A acumulação de cargos, prática comum entre nós, é um dos factores que contribui para uma redução da transparência e para a concentração de poder. E não me refiro, apenas e só, a quem ocupa o que normalmente se designa por cargos políticos. Esta é uma prática que atravessa todas as áreas e níveis de funcionamento da nossa sociedade.
Redução da transparência pela multiplicidade de vestes com que o mesmo indivíduo aparece, pelo alimentar de um jogo em que se opina e decide numa ou noutra qualidade, pelo acesso privilegiado à informação, pelo potencial (e real) conflito (ou aproveitamento) de interesses diversos.
Concentração óbiva de poderes num reduzido número de pessoas, vedando a outros a possibilidade de uma contribuição efectiva e assim reduzindo a pluralidade.
Concordo, por isso, com a proposta de separação do cargo de primeiro-ministro e de secretário-geral do partido, defendida pela moção que António Brotas (do PS) apresentou ao seu partido. Ignoro o acolhimento que terá, dentro do PS ou noutros partidos como o PSD. Mas precisamos de exemplos destes e precisamos de os replicar noutras instâncias. Com a vantagem acrescida de que a desacumulação não precisa sequer de leis ou de verbas - basta querer!
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