"A educação era muito lenta e George ressentira-se disso. Não gostava nada da ideia de que alguém lhe tivesse de explicar e voltar a explicar o que fosse. Que jeito tinha ler e reler uma passagem e, depois, estudar a relação matemática entre isto ou aquilo, não a conseguindo compreender imediatamente? Quase já desistira de ir às aulas e uma vez chegara a abandoná-las uma semana inteira. Acabara sempre por voltar à classe, e o encarregado que distribuía o trabalho e que conduzia as demonstrações por meio de televisão nunca comentara a ausência de George, limitando-se a explicar-lhe a matéria que fora estudada durante a sua ausência."
Este é um extracto de "Profissão", conto integrado na colectânea Nove Amanhãs, da autoria de Isaac Asimov, foi publicado incialmente no final da década de 1950. Já aqui me referi a ele, há quase 3 anos, mas revisito-o, de tempos a tempos. Situa-se num futuro distante em que a aprendizagem "normal" era feita de forma instantânea, por ligação directa cérebro-máquina, através das fitas de aprendizagem.
Mesmo nessa ficção não basta repetir o passado e ser um mero utilizador do conhecimento feito: alguém tem de gerar novos conhecimentos para os outros, sem a possibilidade de recorrer apenas à tecnologia existente; alguém tem de criar as máquinas; alguém tem de criar os programas; alguém tem de inventar o futuro, com erros e tentativas falhadas, com tempo e com esforço. E precisamos de muitos alguéns!
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