"Mas o dever de renovarmos a democracia, dando-lhe maior estímulo e maior vigor, não pertence apenas aos responsáveis políticos; também a sociedade civil, e os cidadãos em geral, têm de assumir esse dever como seu.
...
Sabemos que há, muito mais do que seria desejável, políticos que não estão à altura das suas responsabilidades. Mas sabemos também que muitos cidadãos pouco fazem para alterar esse estado de coisas, preferindo o comodismo no alheamento da indiferença ou da má-língua inconsequente, como se tudo lhes fosse devido e eles não devessem nada ao País."
Jorge Sampaio, 25 de Abril de 2011.
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
5 comentários:
Miguel: Acho, de facto, muito importante e oportuno que se apele aos deveres e não apenas aos direitos dos cidadãos! Mas, por outro lado, não podemos permitir que vá passando a ideia, de modo mais ou menos subliminar, que somos todos IGUALMENTE corresponsáveis pela situação do país! Como sabemos, este tipo de máquina não funciona em linha ou rede horizontal...Basta de processos de dissolução de responsabilidades e consequentes impunidades!
Concordo. Há diferentes graus de responsabilidade. E nem sequer falo apenas dos políticos, mas de todas as organizações e do dia-a-dia, que muito contribui para o reforço de algumas redes, que promovem futuros responsáveis.
Mas também temos as nossas responsabilidades, quando pactuamos porque mudar é difícil, ou mesmo perigoso para o interesse próprio, quando podíamos participar na decisão mas nos abstemos, quando podíamos suscitar reflexão. Se queremos que algo mude, mude mesmo, é preciso muito mais do que encontrar os responsáveis principais ou homens providenciais ...
Tenho uma posição diferente; o 25 Abril definiu como maus os "fascistas" e bons os "democratas"; depois disso, houve várias tonalidades de irresponsáveis. Para mim, especialmente no caso português, é muito mau não encontrar responsáveis. Obviamente, para quem foi Governo em 13 anos nos últimos 16 (incluindo os 6 últimos); para quem teve Presidentes da República "próximos" em 10 dos últimos 16 anos; para quem teve um "camarada" como Governador do B. Portugal durante muitos anos; quando se chega a uma situação de "bancarrota" e descontrolo completo das finanças públicas, é óptimo dizer que a culpa é de todos e que todos têm de ajudar... especialmente quando os próprios culpados se voltam a candidatar! Essa gente devia ser julgada e presa!
Post-Scriptum (... para não se confundir com o partido culpado)... o antigo presidente que hoje vê responsabilidades em todos nós, foi o mesmo que há uns anos disse que "há mais vida para além do défice"... viu-se!
A minha leitura das palavras de Jorge Sampaio é diferente. É acima de tudo um apelo à participação, virada para o futuro, para que as coisas possam ser diferentes. Para que o destino do país não seja confundido com o dos partidos. Para que a sociedade civil participe mais. Aliás o estado do país não se deve, unicamente, aos governos; a falta de produtividade, de competitividade e de visão de muitas organizações não tem sequer raízes no estado; a dívida privada é elevada; as corporações fazem valer o seu poder; há muitos "inside job"; e provavelmente muita gente não votaria, até há bem pouco (ou até mesmo agora) num partido que disesse "toda a verdade". Repito, o que disse inicialmente. Há, obviamente, níveis diferentes de responsabilidade, mas se queremos que as coisas mudem não basta colocar uma cruzinha de tempos a tempos.
Enviar um comentário