O Presidente da República anda activo no facebook. Mais do que na página oficial da Presidência, com as notícias protocolares, é através da página Aníbal Cavaco Silva que agora comunica. E fá-lo sabendo que chega, com vantagem, à maioria da população.
Nâo por via directa, pois muitas pessoas não têm computador, ou não têm ligação à rede, ou não aprenderam o suficiente para usar estas tecnologias, ou usando-as não usam o facebook, ou então não visitam a página do Presidente nem dele se tornam "amigas".
Mas seguramente chega a todos por via indirecta, através dos jornalistas que, esses sim, são seus seguidores no ciberespaço. Já não é raro o dia em que as notícias, nos jornais, nas rádios ou na televisão, começam por "Hoje o Presidente afirmou, através da sua página no facebook,...".
Através desta estratégia o Presidente tornou-se mais presente, com mensagens, curtas e acessíveis, que surgem com grande regularidade, influenciando a agenda política e comunicacional. Tornou-se também mais independente dos mensageiros, podendo escolher o momento, o tema, a forma e a profundidade da intevenção, com a certeza de que o que escreve desta forma terá eco. Afirma em vez de responder a questões; não corre o risco do contraditório e da réplica; afasta-se das pressões da comunicação social.
Mas é o diálogo que permite, frequentemente, tornar mais perceptível a mensagem. Senão vejamos. Na 4ª-feira o Presidente colocou a seguinte mensagem:
"Da cerimónia comemorativa do 25 de Abril, em que convidei para usarem também da palavra o General Ramalho Eanes e os Drs. Mário Soares e Jorge Sampaio, resultou uma mensagem política muito clara: para lá de tudo o que nos possa separar enquanto cidadãos livres, existe um compromisso patriótico de unidade que deve juntar os Portugueses. Podemos ter ideias diferentes, concepções distintas, mas temos de nos unir quanto ao essencial – e o essencial é Portugal e o seu futuro."
A frase final é tudo menos clara e é, diria até, contraditória. Pressupõe uma união sobre Portugal e o seu futuro - o essencial. Mas o problema é que não há um, mas muitos futuros possíveis para Portugal. As concepções distintas levam a opções distintas, e conduzirão a diferentes configurações de Portugal, mesmo num futuro próximo. A menos que o Presidente acredite num caminho único, ditado e escrito, sem margem para divergências. Provavelmente um caminho ditado de fora, por incapacidade dos líderes internos, e em que a nós, Portugueses, nos resta a união com o objectivo de cumprir o que já está determinado e assim assegurar um certo futuro. Mas não foi isto que escreveu. Este é o problema de uma comunicação de sentido único.
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